Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

O retorno da dura campanha do Egito encontra Paris
embevecida pela coragem e competência do general. Logo
torna Napoleão Bonaparte o homem mais popular da França
e joga definitivamente o país em suas mãos. (18 brumário /
1799). A revolução tinha acabado mas a república ainda
sobreviveria em estado terminal até 1804 quando então o
corso se tornaria imperador dos franceses. Em 1807, quando a
família real portuguesa teve que deixar a Europa, Napoleão já
tinha vencido seus mais poderosos inimigos, quer dizer, a
Áustria, a Prússia e a Rússia. Os demais países da Europa ou
se subjugavam, ou se alinhavam humildemente como foi o
caso da Espanha, ou tentavam conseguir um reconhecimento
de neutralidade como era o caso de Portugal. Apenas a
Inglaterra resistia. De sorte que, ou tinham que aderir ao
bloqueio continental decretada por Napoleão contra a
pequena ilha britância, ou tinham que aguentar a ira do corso.
D. João era um dos poucos monarcas europeus que tinha um
caminho alternativo.
Esse era o quadro quando a família real portuguesa
embarcou para o Brasil. Mas qual era o quadro do Brasil
quando o Príncipe Regente, a Princesa, o Príncipe da Beira, os
infantes e o resto da parentalha chegou? Exatamente o que
tinha que ser: uma colônia rica, mas sufocada política,
econômica e culturalmente por trezentos anos de colonialismo
predador. De sorte que tudo teve que ser feito, desde a
instalação do aparelho do estado, passando pelo desarrocho
dos controles coloniais sobre a produção e o comércio até o
saneamento básico e a construção de uma magnificência de
papel marché e uma majestade de arcos triunfais de papelão.
Tão surpresos quanto tinham ficado os lisboetas com
a saida inesperada do nobre contingente, ficaram os cariocas
com a não menos inesperada chegada. Mas, logo que passou a
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