Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

de Marialva a Paris com a mala cheia de diamantes para tentar
comprar uma mudança nas disposições de Napoleão quanto
ao reino Português, remédio que, aliás, já tinha sido aplicado
antes, contudo, com efeito pouco duradouro. Era a velha
política do marquês de Pombal que teria dito um dia “Vale
mais a pena e custa menos fazer guerra com dinheiro do que com
exércitos”. Na verdade tudo aquilo era o
coroamento frustrado da política de neutralidade que já vinha
sendo seguida pelo regente há pelo menos seis anos. Convém
recordar que, em fevereiro de 1801, a França já havia
declarado guerra a Portugal e foi aí que começou aquele
sufoco diplomático que culminou com Napoleão decretando
que a Casa de Bragança tinha deixado de reinar sobre
Portugal. Naquele mesmo ano a Espanha havia também
decretado hostilidade ao reino luso e invadido o Alentejo, do
que resultou a perda irreparável de Olivença. Em setembro d.
João foi compelido a firmar um acordo com a França, por
força do qual, se viu obrigado a fechar os portos portugueses
aos navios ingleses. Seguiu-se uma pequena paz entre
Inglaterra e França que nem deu para aliviar a gangorra onde
d. João vinha tentando se equilibrar. Já em 1803 França e
Inglaterra voltavam a se estranhar e d. João se apressou a
declarar a neutralidade do seu pequeno reino. Mas era difícil
Portugal ficar flanando por sobre os interesses da França, da
Inglaterra e da Espanha. Assim, logo o embaixador francês -
general Leannes - pôs o dedo na cara do regente e exigiu o
fechamento dos portos às embarcações inglesas. D. João fez
um acordo secreto com a Inglaterra e sua neutralidade acabou
sendo admitida pelos britânicos. O mesmo conseguiu com a
França que, no entanto, exigiu uma indenização para deixar
Portugal fora do imbróglio. Nada menos do que 1 milhão de
libras que d. João se dispôs a pagar em prestações mensais de
40 mil libras. No ano seguinte Junot chutou o acordo na
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