Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

ainda estava em princípio de construção e era inabitável.
Quando voltou a morar nele, depois do retorno do Brasil, d.
João fez algumas reformas no palácio e nele morreu em 1826,
depois de ingerir um café da manhã contaminado com poções
letais.
A fuga ou estratégica escapada.
Como vimos há pouco, d. João pernoitou no Palácio
da Ajuda em sua última noite em Lisboa, antes de escapar para
o Brasil. A fuga começou na manhã do inglório dia 27 de
novembro de 1807. Inglório posto fosse um belo domingo de
sol. Foi então que se deu o embarque que precedeu a fuga ou,
como preferem alguns, estratégica escapada da família real
portuguesa para o Brasil. Fugiam dos exércitos de Napoleão
Bonaparte, o corso, destruidor implacável das dinastias
europeias mas ávido de cruzar com elas para azular o sangue
rude da sua própria singela estirpe.
Finalmente d. João tinha cedido às pressões inglesas
para zarpar para o Brasil. Também não tinha mais nenhuma
alternativa depois que sir Sydney Smith havia bloqueado o
Tejo e ameaçado por a pique a frota portuguesa ao menor
indício de que ela pudesse vir a cair nas mãos dos franceses.
Ninguém duvidava disso pois eles já tinha feito o mesmo em
Copenhagen, chegando a bombardear a cidade.
É comum atribuir-se a demora na execução do plano
da escapada para a América ao notório espírito irresoluto de d.
João. Mas o fato é que ele não queria mesmo apelar para essa
alternativa extremada a não ser em último caso e já com as
forças invasoras tendo colocado irremediavelmente a ponta da
bota na soleira de Lisboa. Consta que ele, ainda em outubro
de 1807, já tomado pelo desespero, tinha mandado o marques
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