Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

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mulher. Em Queluz nasceu a maioria de seus filhos, inclusive d. Pedro e d. Miguel. A construção do palácio iniciou-se em 1747 e logo os maledicentes identificaram o Palácio de Queluz como uma imitação portuguesa de Versalhes. Depois da morte de d. João VI o palácio entrou em declínio. D. Pedro optou por morrer lá em 1834, no mesmo quarto onde tinha nascido. Além de Queluz, d. Maria I também tocou a ampliar e reformar o Palácio de Belém, dotando-o de condições básicas para abrigar sua família quando estivesse despachando em Lisboa. Mas sempre passava mais tempo em Queluz e, cada vez mais, à medida em que sua deficiência mental ia avançando. Com o tempo, Belém foi se tornando mais uma residência real secundária, funcionando como uma hospedaria para visitantes ilustres ou residência de membros menores da família real. D. Maria II habitou o palácio por uns tempos enquanto esperava para se mudar para o Palácio das Necessidades. No Palácio de Belém moraram d. Carlos - duque de Bragança - e sua esposa d. Amélia de Orleans. Lá nasceu o último rei de Portugal d. Manuel II. Como dito parágrafos atrás, a Real Barraca de d. José foi construída no Alto da Ajuda e, depois da morte do rei, ninguém quis morar lá. Ficou aquela barraca majestática meio abandonada até que em 1794, como dito, um incêndio destruiu o inusitado palácio de pano e madeira. Foi aí que d. João achou que, a exemplo do bisavô, também deveria marcar seu reinado construindo um belo palácio e, dois anos depois, dava início à construção do Palácio da Ajuda, no local exato onde ficava a singular barraca de seu avô. Era o segundo palácio construído na região de Belém. Na verdade os Bragança tinham vastas terras naquelas paragens. É que em 1726 d. João V adquiriu três quintas em Belém. Dizem que ele pretendia construir um palácio de verão na Ajuda, mas em 36
lugar disso acabou optando por melhorar as instalações já existentes numa das quintas, medida essa que veio dar origem ao Palácio de Belém. Quando d. João partiu para o Brasil a construção do Palácio da Ajuda ainda estava em andamento, mas já era habitável. Tanto que ele passou lá sua última noite antes de embarcar para a América Portuguesa. Na verdade, o projeto original traçado para a edificação do palácio nunca foi concluído. D. João VI retornou a Portugal em 1821 e teve que ir morar no Palácio da Bemposta pois encontrou o Palácio da Ajuda em piores condições do que tinha deixado treze anos antes. Com a morte de d. João, seus filhos resolveram reabilitar o palácio, até em homenagem a memória do pai que tinha sido seu idealizador. Foi lá que d. Pedro assumiu seu curto reinado como regente e, antes dele, seu irmão d. Miguel foi aclamado rei. Mas o palácio não conseguiu ter muito esplendor. D. Maria II, depois de assumir o trono, também não se entusiasmou muito em morar no Palácio da Ajuda preferindo reinar no Palácio das Necessidades. Dizem que nosso d. Pedro tinha planos para transformar o palácio num majestoso centro de poder sob o reinado da filha. Não teve tempo, contudo. Mas, como a história dos palácios é tão rica quanto a própria vida dos reis, o Palácio da Ajuda passaria por uma grande reabilitação, tornando-se residência oficial da família real em 1861. Foi quando o tifo matou vários membros da família real inclusive o rei d. Pedro V, como já contamos quando falamos das tragédias dos Bragança. Eles moravam no Palácio das Necessidades e a ciência da época atribuiu a alta taxa de morbidade que abateu a família real às más condições de salubridade do palácio. O povo logo converteu a versão científica para a convicção de que o palácio estava mesmo era amaldiçoado. Pelo sim pelo não, o novo rei - d. Luis - resolveu mudar-se para o Palácio da Ajuda e ali 37
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