Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

consequência disso que surgiu o Palácio de Belém. A origem
foi uma quinta construida em 1559 por d. Manuel. O próprio
d. João V fez melhorias no palácio depois de adquirí-lo do
conde de Aveiras e o incorporar ao patrimônio dos Bragança.
Dizem que ele, adepto entusiasta dos esportes da montaria,
dotou o palácio de magníficas cavalariças e não menos
magníficas alcovas.
Na época do terremoto o palácio oferecia condições
mínimas para ser residência da família real. Mas isso não fez
diferença pois d. José tinha decidido jamais viver de novo sob
um teto de alvenaria. Assim, em lugar de investir na ampliação
e melhoria das instalações existentes, resolveu construir a tal
“Barraca Real” nos jardins da propriedade, no alto da Ajuda e
lá viveu até sua morte. No local, mais tarde, d. João VI
construiria o Palácio da Ajuda.
D. Maria I não tinha nenhuma intenção de herdar os
hábitos meio neuróticos do pai em matéria de habitação.
Assim, quando assumiu o trono, resolveu permancer no
Palácio de Queluz, nos arredores de Lisboa, onde já morava.
Com sua ascenção real achou que deveria dotar o palácio de
melhorias e assim fez, especialmente nos jardins, dando-lhes
um ar mais sofisticado, à francesa, cheio de fontes e alamedas
.
O Palácio de Queluz, na verdade, pertencia a d. Pedro
III, irmão de d. José. Quando se casaram ele levou d. Maria
para morar lá. Nessa época o palácio já era notável e, assim, a
rainha preferiu permanecer em Queluz do que residir em
Lisboa onde as opções eram piores. No entanto, só em 1794 é
que seu filho d. João, então governando em nome da mãe,
declarou o palácio residência oficial da família real. Mas d.
João ficava pouco lá, preferindo ficar em Mafra ou na Ajuda
meio que fugido das loucuras da mãe e das travessuras da
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