Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

para as obras de música, com seis mil volumes. D. João V
contratou equipes de bibliófilos e bibliotecários que saíram a
garimpar obras por toda a Europa. Ao final de seu reinado, o
rei sol português deixou no Paço da Ribeira uma das melhores
bibliotecas da Europa. Também não se esqueceu de dotar o
Palácio/Convento de Mafra de outra magnífica livraria. Esta
com sessenta mil volumes que lá ainda estão, dispostos em
magníficas estantes de madeira pintada que se erguem até o
teto.
D. José I, empurrado pelo fascínio dos Bragança pelas
livrarias e ajudado pela fibra de Pombal, logo tratou de incluir
a reconstrução da Real Livraria entre as prioridades do
soerguimento de Lisboa depois do cataclismo sísmico. A nova
biblioteca foi instalada num edifício de pedras, junto à Real
Barraca, no Alto da Ajuda. No princípio o acervo era
modesto, constituído de confiscos feitos em bibliotecas de
conventos e mosteiros. Mesmo assim, continha peças
preciosas, especialmente entre os exemplares tomados aos
zelosos jesuítas, grandes educadores e livreiros. Mas, logo em
seguida, d. José partiu para aquisições de coleções privadas,
especialmente de nobres arruinados pelos estragos que o
terremoto tinha feito em seus palácios. 8 Muitos estudiosos e
colecionadores também acabaram convencidos a fazer
doações à nova biblioteca, com destaque para o abade Diogo
Barbosa Machado que transferiu sua coleção de cerca de seis
mil volumes para a nova livraria do rei, em troca de uma
modesta pensão anual com que pudesse viver até o fim da
vida. Enfim, ao morrer, d. José pôde deixar um bom
8
O rei se ocupou pessoalmente das principais negociações, o que denota a
importância que dava ao assunto.
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