Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

Na verdade, se formos buscar um traço
verdadeiramente marcante da história pessoal da família
Bragança, talvez tenhamos muita mais chance de encontrá-lo
no, digamos, destino do que na genética. Falo das tragédias
familiares que muitos deles amargaram e que, a bem da
verdade, a maioria soube contornar com serenidade. A
lembrar, em primeiro lugar, as mortes prematuras de d.
Teodósio e de d. José, casos extremos do estigma da morte
dos príncipes herdeiros que tantas vítimas fez entre os
Bragança.
D. Teodósio, filho mais velho de d. João IV, era
considerado um jovem brilhante, versado nas artes e com
precoce habilidade política. Estava sendo preparado
orgulhosamente pela corte para assumir o trono restaurado
mas uma tuberculose o matou aos dezenove anos e foi aí que
a coroa foi parar no colo de d. Afonso de Bragança,
despreparado e considerado mentalmente limitado, como
comentamos. A história se repetiria duas gerações mais tarde
com d. José, filho de d. Maria I, príncipe herdeiro igualmente
brilhante e igualmente morto precocemente, nesse caso de
varíola. Desta vez a coroa caiu no colo do futuro d. João VI,
para muitos, tão despreparado quanto tinha sido d. Afonso
VI. A morte do príncipe d. José deixou desnorteadas duas
mulheres: sua mãe e a tia que, além de tia, veio a ser também
sua viúva desconsolada. Coitadas, nenhuma das irmãs teve
força para consolar a outra e levaram a mágoa para o túmulo.
Há um outro caso notável de desconsolo. É o caso de
d. Fernando VI rei da Espanha que não era Bragança mas
também foi atingido, de tabela, pelas tragédias bragantinas.
Ele foi aquele outro rei espanhol casado com uma infanta
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