Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

Também não tem subsistência o estigma da saúde
debilitada dos Bragança. Uma espiada no histórico médico dos
reis, príncipes e princesas da família, mostra isso. É
perfeitamente compatível com a realidade médica e sanitária
da época em que viveram. A maioria dos monarcas
bragantinos ultrapassaram os cinqüenta anos de idade e d.
Maria I, apesar da loucura, morreu com oitenta e dois anos.
Também não há uma doença grave característica daquela
gente. A própria epilepsia, que tanto achacou o imperador d.
Pedro I, parece ter sido atávica, sem registros particularmente
notáveis em outros membros da família, exceto
esporadicamente. 5
D. João IV morreu de um ataque violento de gota, d.
Afonso VI morreu tuberculoso, d. Pedro II morreu de
complicações no fígado, d. João V morreu talvez de um AVC,
d. José morreu não se sabe bem de que, d. Maria I morreu de
velhice, d. João VI morreu envenenado, d. Pedro I morreu de
excessos generalizados, sua filha d. Maria II morreu de
excesso de partos e seu filho d. Pedro II morreu de
pneumonia no meio dos ventos gelados de Paris ainda
desabituado à falta do sol do Brasil.
É certo que muitos príncipes da família morreram
ainda crianças, mas um alto índice de mortalidade infantil era
típico daqueles tempos, mesmo no conforto bem nutrido e
supostamente salubre das cortes. 6
5 Houve um caso que, apesar de pontual, foi especialmente trágico. Logo
trataremos dele.
6 Alguns morreram, já adultos, de doenças contagiosas como varíola e tifo
e até assassinados, como veremos a seguir .
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