Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

também Bragança e, após a morte desta, casou com outra
sobrinha que, por sinal, era irmã da primeira.
Em Espanha, dizem os historiadores que o exagero da
prática dos casamentos consangüíneos dotou os Burbon
espanhóis de uma compulsão à melancolia.
No caso dos Bragança, nos duzentos anos que
separam o reinado d. João IV do de d. Pedro II do Brasil,
ocorreram seis casos de resvalos incestuosos, sendo cinco
casos de casamentos de tios com sobrinhos e um de
casamento entre primos. 4 Tais casamentos uniram d. Maria
Bárbara com o tio d. Fernando VI rei da Espanha, d. Maria I
com o tio d. Pedro III, d. Maria Francisca Benedita com o
sobrinho d. José, d. Maria Isabel com o tio Fernando VII -
também rei da Espanha, d. Maria Francisca com o tio Carlos
de Burbon da Espanha. Há ainda o interessante caso de d.
Maria Teresa que depois de enviuvar de seu primo d. Pedro
Carlos da Espanha casou com o tio Carlos de Burbon que,
por sua vez, tinha enviuvado de d. Maria Francisca, irmã da
segunda esposa. D. Maria II também se casou com o tio d.
Miguel, mas as bodas nem saíram do papel.
Desses casamentos, apenas o de d. Maria I com o tio
d. Pedro, gerou frutos duradouros para a Coroa Portuguesa.
Portanto, os genes degenerados no trono de Portugal, se os
houve, nem tiveram muito tempo de se disseminar. E se o
tiveram nem provocaram tantos danos assim.
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Há uma concentração de casos na família de d. João VI que, por
conta da sua política de evitar conflitos com a Espanha, tinha
fixação em arranjar casamentos de suas filhas com varões da família
real espanhola. Como d. Carlota Joaquina era também uma princesa
espanhola todos esses casamentos acabavam envolvendo tios,
sobrinhos e primos.
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