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Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

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pelo Palácio de Mafra, tal qual gostava de fazer seu bisavô d.<br />

João V quan<strong>do</strong> não estava gastan<strong>do</strong> as riquezas <strong>do</strong> Brasil <strong>do</strong><br />

alto <strong>do</strong> seu trono. Mas no fatídico dia 11 de setembro de 1788<br />

seu irmão mais velho d. José morreu de tifo e ele passou a ser<br />

o príncipe <strong>do</strong> Brasil, quer dizer, herdeiro da coroa <strong>do</strong> <strong>rei</strong>no<br />

Uni<strong>do</strong> de Portugal e Algarve.<br />

É com o pláci<strong>do</strong> d. João que começa a nossa história<br />

que, de fato, não é dele mas de seu inquieto filho Pedro de<br />

Alcântara, o futuro impera<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Brasil. Mas antes de<br />

passarmos a tratar mais diretamente das nossas principais<br />

personagens, vamos ver um pouco mais da história geral <strong>do</strong>s<br />

Bragança, cheia de maledicências e reprovações. Deles se dizia<br />

que tinham certas fixações condenáveis. Alguns historia<strong>do</strong>res<br />

gostam de afirmar que a dinastia degenerou-se ao longo <strong>do</strong><br />

tempo devi<strong>do</strong> ao costume exagera<strong>do</strong> de contraírem<br />

casamentos consangüíneos. Isso teria contribuí<strong>do</strong> para<br />

imprimir uma característica terrível à indigitada estirpe. Para<br />

esses historia<strong>do</strong>res a tal prática de risco teria <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> os<br />

descendentes <strong>do</strong>s potenta<strong>do</strong>s de Vila Viçosa e seus parentes<br />

colaterais de uma inexorável tendência à debilidade física e<br />

mental. Mas nem a conseqüência, nem a suposta causa<br />

resistem ao detalhe. Se formos observar os cruzamentos<br />

genealógicos da família Bragança vamos concluir que a prática<br />

não era tão exagerada assim. Pelo menos durante o tempo em<br />

a dinastia ocupou o trono de Portugal. Está certo que a<br />

solução política representada pela a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong>s matrimônios<br />

endógenos era a<strong>do</strong>tada até com uma certa facilidade no seio<br />

da última dinastia portuguesa. Mas na Espanha era pior. O <strong>rei</strong><br />

Fernan<strong>do</strong> VII, por exemplo, teve quatro esposas dentre as<br />

quais uma prima e duas sobrinhas sen<strong>do</strong> uma delas, por sinal,<br />

uma Bragança. Seu irmão d. Carlos casou com uma sobrinha,<br />

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