Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

sensibilizou com as preces do rei – aliás, grande devoto das
santidadades em geral - e abençoou a rainha com nada menos
do que cinco filhos. Em reconhecimento o rei teria mandado
construir o maravilhoso Palácio/Convento de Mafra que seria
inaugurado pelo próprio papa Bento XIV, oficiando missa sob
o magnífico duomo de mármores multicoloridos da capela do
palácio.
Dizem que o papa recebeu de d. João V presentes
maravilhosos, especialmente diamantes do Brasil grandes
como ovos de ema. Em troca foi agraciado com o honroso
título de Sua Majestade Fidelíssima. Isso era tudo o que ele
queria pois o título o igualava à Sua Majestade Católica o rei da
Espanha e Sua Majestade Cristianíssima o rei de França. E não
parou por aí. Conseguiu também que sua santidade elevasse a
Sé de Lisboa à dignidade de patriarcado, condição que a
igualava a Roma e Veneza. Enfim, no reinado de d. João V a
velha capital dos portugueses se igualou às grandes metropoles
europeias. Mesmo porque, o rei foi um grande estimulador
das coisas do espírito e no seu reinado o barroco português
ganhou notável identidade.
No campo da arquitetura e obras públicas o reinado de
d. João V é lembrado pela construção do aqueduto de Lisboa
e o já mencionado Palácio/Convento de Mafra. O rei também
é lembrado pela saúde instável e, em 1744, um provável
derrame cerebral paralizou o seu lado esquerdo e o deixou
com uma horrível “boca torta”. Esse acidente prejudicou
tremendamente sua capacidade de governar, abrindo espaço
para que isso passasse de fato a ser feito pelo seu ministério
onde, inclusive, prestava relevantes serviços o brasileiro
Alexandre de Gusmão.
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