Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

e muito amigo da minha pátria adotiva, à qual pertence meu coração”.
No dia 27 de abril de 1834, faltando poucos dias para a
rendição de d. Miguel e a retomada definitiva do trono português,
d. Pedro mandou uma mensagem especialmente chorosa a todos
os seus filhos:
“Que dia de luto e de tristeza é este para mim. Foi nesse dia que me vi
obrigado de separar-me do Brasil e de vós! “Salvei a minha honra; evitei a
guerra civil, é verdade, com isso deveria eu em parte, consolar; porém o amor
que vos consagro e ao Brasil não permite que minha dor seja diminuída: a
minha saudade se acha cada dia mais aumentada.”
Morreria cinco meses depois. Morreu em sossego, ex-rei
de Portugal, ex-imperador do Brasil, duque de Bragança, regente
da gente lusa, herói e libertador constitucional.
Em 12 de outubro de 1998 deveria ser comemorando o
bicentenário de seu nascimento, mas ninguém se lembrou disso.
Quase um ano depois, alguém se deu conta do lamentável
esquecimento e, em homenagem retardatária, o senado brasileiro
aprovou, singelamente, um projeto de lei, permitindo a inscrição
do nome de d. Pedro no Livro dos Heróis da Pátria onde, entre
patriotas verdadeiros, goza da companhia de muitos heróis
duvidosos, aos quais a pátria não deve nada.
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