Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

mandou o seu ajudante de campo representá-lo. A ausência do rei
acabou sendo benéfica ao anfitrião pois, durante um brinde aos
pequenos príncipes que tinham ficado no Brasil, d. Pedro
emocionou-se e sentiu-se mal, sendo obrigado a abandonar a
mesa um tanto claudicante. Por obra do acaso o rei da França
tinha sido poupado de presenciar esse pequeno vexame
sentimental. Talvez d. Pedro não quisesse mostrar-se emotivo
diante de um dos homens mais poderosos do mundo no tempo
em que precisava mostrar que tinha condições para invadir
Portugal e destronar o irmão. 53 Mas era a lacerante saudade. Ele
nunca soubera controlar seus sentimentos mais fortes. Foi assim
naquele distante dia de festa em que, diante da marquesa de
Santos, se lembrou da esposa defunta e teve que abandonar a sala
debaixo de convulsante enxurrada de lágrimas. E assim estava
sendo agora, mesmo porque, ele sabia que jamais veria os filhos
novamente e, ao contrário do caso da filha mais velha, ele jamais
poderia ajudar o filho imperador, sozinho no Brasil.
Naquele dia ele escreveria ao filho:
”Não posso de, por esse modo, deixar, como bom brasileiro de felicitar-te pelo
dia de hoje e não posso deixar de recomendar-te que estudes e te faças digno de
um dia imperardes sobre o Brasil, minha pátria.”
Em 11 de março de 1832, logo no início da expedição
contra o irmão, escreveu novamente a d. Pedro II:
“Espero que tu leias com atenção esta minha carta; nela verás o interesse que
tomo por ti e pelo Brasil, que desejo ver bem governado como brasileiro que sou
53 De qualquer forma Luiz Felipe ficou sabendo do mal e foi visitá-
lo no dia seguinte.
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