Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

estavam dispostos a seguir com ele, cada um com seus próprios
motivos, nobres ou nem tanto. Aos poucos foram se formando as
condições mínimas necessárias à viabilização do projeto de d.
Pedro, inclusive em relação à questão financeira da empreitada
que caminhava para um triste desfecho quanto apareceu o liberal
espanhol Juan Mendizabel. Rico e firmemente engajado na política
europeia, ele abriu a própria bolsa e conseguiu apoio entre
financistas liberais ingleses para a causa e pôs o projeto
efetivamente em marcha. Felizmente, à tentativa de formação
daquele exército de Brancaleone, não se opunham nem a França
nem a Inglaterra e desta forma, a modesta armada de d. Pedro
pôde ser formada em território francês, sob o silêncio britânico.
Novamente em Paris, onde permaneceu cerca de seis meses, d.
Pedro mergulhou nessa tarefa com ardor. Mas também não
deixou de aproveitar os encantos da cidade luz e da corte.
Habituou-se aos teatros, livrarias e cafés. Ficou amigo do rei e era
visto com freqüência cavalgando ao seu lado. Mal sabiam eles que,
poucos anos depois, seus filhos se casariam e que sua querida filha
Chiquinha encantaria a corte francesa com sua morenice de
mulher brasileira. Nesse doce “far niente”, nosso duque de
Bragança pegou uns quilinhos a mais como mostram os retratos
da época. Mas assim que a pobre armada ficou pronta, partiu para
a guerra com toda aquela disposição que lhe era inata. O marques
de Fronteira assim descreveu a frota de d. Pedro: “Em frente de
Belle-Isle estava ancorada a nossa famosa esquadra, composta de três velhos
navios comprados em Londres à Companhia das Índias, um vapor fretado e
algumas embarcações de pequeno lote”.
Mas mesmo concentrado naquela tarefa quixotesca, d.
Pedro não se esquecia dos filhos e do Brasil. No dia 02 de
dezembro de 1831, d. Pedro II completou seis anos de idade e ele,
ainda em Paris, resolveu dar uma recepção em homenagem ao
pequeno imperador. O rei Luiz Felipe não compareceu mas
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