Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas
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constituições que abdicara para não deixar de ser constitucional”. Houve<br />
salva de canhões, revista a tropa, inspeção <strong>do</strong> arsenal, visita a<br />
obras públicas. Era apenas o Duque de Bragança, contu<strong>do</strong>, há<br />
tempos que ele não se sentia tão impera<strong>do</strong>r. Mas tinha que cuidar<br />
<strong>do</strong>s negócios e assim que pôde partiu para Londres em busca de<br />
apoio político e financeiro para a causa liberal em Portugal. A<br />
condição lhe era favorável pois o parti<strong>do</strong> liberal tinha assumi<strong>do</strong> o<br />
poder na Inglaterra, afastan<strong>do</strong> Wellington e anulan<strong>do</strong> o apoio que<br />
estava sen<strong>do</strong> da<strong>do</strong> a d. Miguel. Assim que chegou foi recebi<strong>do</strong><br />
pelo primeiro ministro Palmerton e pelo <strong>rei</strong> Guilherme IV. Com a<br />
sofreguidão que lhe era própria, foi logo pedin<strong>do</strong> ao <strong>rei</strong> que<br />
mandasse buscar d. Maria II na França num vaso de guerra<br />
britânico, demonstran<strong>do</strong> assim inequivocamente ao mun<strong>do</strong> a<br />
extensão <strong>do</strong> apoio que seria da<strong>do</strong> à recondução da rainha aos<br />
di<strong>rei</strong>tos ao trono português. Mas como o <strong>rei</strong> da Inglaterra não<br />
governa, Sua Majestade britânica desconversou e apenas ofereceu<br />
um palácio para d. Pedro se hospedar com toda a dignidade<br />
enquanto estivesse em Londres. Mas não faltaram bailes e<br />
recepções oferecidas ao então duque de Bragança pelo <strong>rei</strong>, pela<br />
rainha, pela duquesa de Albany, pelo embaixa<strong>do</strong>r Talleyrand, pelo<br />
prefeito de Londres e muitos outros. No final d. Pedro não<br />
conseguiu o apoio decisivo que almejava mas, pelo menos, d.<br />
Miguel também não o teria. Teria fica<strong>do</strong> mais tempo em Londres<br />
tentan<strong>do</strong> granjear apoio de políticos e financistas mas um convite<br />
<strong>do</strong> <strong>rei</strong> Luiz Felipe o fez embarcar para Paris para assistir às<br />
comemorações <strong>do</strong> primeiro aniversário de sua subida ao poder.<br />
Ao final dessa curta temporada parisiense e depois de uma<br />
segunda visita à Inglaterra, d. Pedro sentiu que não contaria com<br />
apoio militar, nem da França, nem da Inglaterra e que tinha que<br />
montar seu próprio exército com os recursos que fossem<br />
possíveis. Nesse senti<strong>do</strong>, as visitas que tinha recebi<strong>do</strong> se<br />
mostraram muitos mais produtivas <strong>do</strong> que as que tinha feito.<br />
Mercenários, patriotas, liberais de to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> e financistas<br />
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