Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

chance de tornar o país novamente uma das grandes potências
da Europa.
D. João V era refinado e sua ostentação, como não
poderia deixar de ser, já começou na cerimonia de coroação.
Era admirador fervoroço dos hábitos franceses e quis trazer
seus requintes para dentro de um novo e volúvel Portugal.
Dizem que ele era meio moleirão, quer dizer, passava uma
impressão de que estava sempre morrendo de preguiça. Era
muito dependente da opinião dos seus conselheiros,
facilmente influenciável pelos principais da Corte: o cardeal da
Cunha, os arcebispos de Lisboa e de Évora, os duques de
Cadaval , os condes de Calheta, Castelo Melhor, São Vicente,
Vila Verde, o conde Meirinho-Mor, de Aveiras, o de Avintes;
os marqueses das Minas, de Fronteira, de Cascais, de Alegrete.
Muita gente dando palpite pois havia muito dinheiro para
gastar.
Como dito, d. João V adorava imprimir desmedida
magnificência às solenidades reais e mostrar seu esplendor à
Europa. Assim, seu casamento com a arquiduquesa austríaca
Maria Ana Josefa Antônia, não podia ser nada menos do que
inesquecível. Era ela filha do imperador Leopoldo da Áustria e
de Eleonora Madalena Teresa de Neuburg-Wittelsburgo.
Tinha vários predicados, mas o mais patente de seus atributos
era mesmo a sua notória feiura.
O rei casou em Lisboa e, segundo os cronistas da
época, houve preparações extraordinárias para a bênção
nupcial. Aliás o esplendor já começou na viagem de d.
Mariana para Lisboa quando foi escoltada por uma armada
formada por quatorze naus de guerra.
Dois anos se passaram sem que o real casal gerasse
filhos. Pode até ser que d. João estivesse meio desestimulado
por causa da feiura da esposa. Mas qualquer que fosse o
impecilho, ele foi removido por santo Antônio que se
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