Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

que se prontificaram os representantes da França e da Inglaterra.
Partiria apenas com a esposa e a filha mais velha – a Rainha de
Portugal – deixando no Brasil os outros filhos, que jamais veria
novamente.
No seu comunicado à Assembleia, pedindo a confirmação
da nomeação de José Bonifácio como tutor dos filhos, escreveu: “
Resta-me agora como pai, como amigo de minha pátria adotiva e de todos os
brasileiros por cujo amor abdiquei de duas coroas, (***), pedir a augusta
assembléia que se digne confirmar essa minha nomeação. Eu assim o espero
confiado nos serviços que de todo o meu coração fiz ao Brasil e em que a
augusta assembléia geral não deixará de querer aliviar-me desta maneira um
pouco as saudades que me atormentam, motivadas pela separação de meus
caros filhos e da pátria que adoro”.
A 12 de abril de 1831 d. Pedro faria uma proclamação de
despedida a todos os brasileiros:
“Eu me retiro para a Europa, saudoso da pátria, dos filhos e de todos os
meus verdadeiros amigos. Deixar objetos tão caros é sumamente sensível ainda
ao coração mais duro, mas deixá-los para sustentar a honra não pode haver
maior glória. Adeus pátria, adeus amigos e adeus para sempre.
No dia seguinte, às seis e meia da manhã, a bordo da
fragata inglesa Volage, partia como um d. Quixote para conquistar
a Europa. Arraigado aos costumes brasileiros não prescindiu de
levar consigo seis fidelíssimos e gratos escravos.
Em 10 de julho a fragata inglesa aportava na cidade
francesa de Cherburgo. A recepção o surpreendeu e encheu d.
Amélia de orgulho, iluminando seu rosto juvenil, debaixo do
verão francês. D. Pedro tinha saído do Brasil sob suspeita de estar
pensando em dar um golpe autoritário e chegava à Europa como
um herói liberal. Foi saudado como “o herói doador de duas
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