Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas
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abdicação <strong>do</strong> pai. Foi morar com a madrasta em Paris enquanto o<br />
pai pelejava no cerco <strong>do</strong> Porto. De sorte que d. Maria II só veio<br />
conhecer Lisboa quan<strong>do</strong> já tinha 14 anos de idade. Mas nesse<br />
quesito até que ela se houve melhor <strong>do</strong> que o pai pois d. Pedro<br />
chegou ao Brasil com nove anos e, mesmo assim, os brasileiros<br />
nunca conseguiram esquecer, de to<strong>do</strong>, que ele não era brasileiro.<br />
Pouco antes da morte de d. Pedro, d. Maria obteve a maioridade e<br />
pôde, finalmente, ascender ao trono. Mas nunca governou de fato,<br />
nem pôde ver o seu povo contente. Nem foi feliz no primeiro<br />
casamento. O consorte, como não poderia deixar de ser, também<br />
era parente, só que desta vez pelo la<strong>do</strong> da madrasta. Falo <strong>do</strong><br />
príncipe Augusto de Leuchtenberg, irmão de d. Amélia e que<br />
morava com ela desde os tempos <strong>do</strong> Brasil. Desta vez o impecilho<br />
era o fato de d. Maria já ser oficialmente casada com d. Miguel.<br />
Mas, mais uma vez, a igreja resolveu a questão com relativa<br />
facilidade. E nem precisou subir até o papa pois o próprio<br />
patriarca de Lisboa anulou o casamento pregresso. Infelizmnete as<br />
bodas com Augusto duraram pouco e <strong>do</strong>is meses depois a jovem<br />
rainha de Portugal já era viúva. Mas a solidão também durou<br />
pouco e no ano seguinte d. Maria se casava com o príncipe D.<br />
Fernan<strong>do</strong> de Saxe-Coburgo-Gotha. Quer dizer, Sua Majestade<br />
tinha apenas 17 anos e já estava casan<strong>do</strong> pela terceira vez. Mas<br />
desta vez ela pôde viver uma vida familiar mais feliz e deixar o<br />
mari<strong>do</strong> governan<strong>do</strong> como <strong>rei</strong> consorte. Governan<strong>do</strong> é força de<br />
expressão pois ele também não teve muito espaço para <strong>rei</strong>nar.<br />
Felizmente ocupou o tempo livre se dedican<strong>do</strong> às artes e ao bom<br />
gosto e foi graças a isto que nos legou o inusita<strong>do</strong> Palácio da Pena,<br />
na serra de Sintra. Foi um perío<strong>do</strong> muito agita<strong>do</strong> e infelizmente<br />
continuou corren<strong>do</strong> sangue portugues visto que o<br />
constitucionalismo ainda era uma batata quente, pousada em mãos<br />
sem calos e havia muitas feridas abertas. De sorte que se<br />
formaram o parti<strong>do</strong> radical progressista e o parti<strong>do</strong> cartista. <strong>Os</strong><br />
heróis liberta<strong>do</strong>res Palmela, Saldanha e o duque da Terceira<br />
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