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Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

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ter si<strong>do</strong> tão brasileiro e não ter entendi<strong>do</strong> os anseios <strong>do</strong>s<br />

liberais portugueses que, mesmo tardiamente, apoiaram a<br />

guerra contra d. Miguel, especialmente nos quesitos da<br />

pilhagem e da vingança.<br />

D. Pedro tinha razão em preferir ser brasileiro. O <strong>rei</strong>na<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> seu filho impera<strong>do</strong>r foi muito mais longo e feliz <strong>do</strong> que o de<br />

sua filha, rainha de Portugal. Para começar, para ser rainha a<br />

pequena d. Maria II teve que se casar com seu tio d. Miguel.<br />

Quanto ao parentesco não havia problema pois os papas estavam<br />

acostuma<strong>do</strong>s a anular essas inconveniências sanguíneas, ainda que<br />

elas fossem muito mais físicas <strong>do</strong> que morais e não evitassem<br />

degenerações, quan<strong>do</strong> fosse o caso. Mas assim foi feito pelo papa<br />

Leão XII como era de costume e o casamento se realizou, pelo<br />

menos em contrato. Não se consumou, é claro, pois d. Miguel não<br />

esperou muito para rasgar seus juramentos. Politicamente o<br />

arranjo tinha que ser complica<strong>do</strong> pois, nada mais difícil <strong>do</strong> que<br />

transformar um mari<strong>do</strong>/tio absolutista num sogro/irmão liberal.<br />

Coitada da pequena rainha/noiva, acabou repudiada e traída. Esta<br />

parte d. Pedro conseguiu corrigir mas, nem assim, conseguiria que<br />

a filha fosse feliz. Não que ela não se sentisse rainha. O era pela<br />

força e pelo di<strong>rei</strong>to e o povo português nunca contestou a<br />

legitimidade <strong>do</strong> seu <strong>rei</strong>na<strong>do</strong>. Até porque, no próprio acor<strong>do</strong> da<br />

independência <strong>do</strong> Brasil, a questão sucessória já tinha si<strong>do</strong><br />

levantada e tinha fica<strong>do</strong> estabeleci<strong>do</strong> que, caso d. Pedro<br />

renunciasse ao seu di<strong>rei</strong>to de ser <strong>rei</strong> de Portugal, a sucessão<br />

passaria ao seu filho ou filha mais velha. Mas a aventura europeia<br />

da pequena rainha sempre foi muito atribulada. Começou quan<strong>do</strong><br />

ela estava in<strong>do</strong> para Viena para ser entregue à tutela <strong>do</strong> avô. Foi<br />

quan<strong>do</strong> o visconde de Barbacena, à vista das estripulias de d.<br />

Miguel em Portugal, achou por bem levá-la para Londres,<br />

livran<strong>do</strong>-a de cair nas mãos de Metternich, alia<strong>do</strong> de d. Miguel.<br />

Teve que voltar ao Brasil e só retornou à Europa depois da<br />

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