Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

oficiais corajosos e gente sonhadora do seu lado. 51 Além, é
claro, de centenas de mercenários competentes e sanguinários.
Como d. Pedro botava música em tudo que fazia, não faltou
uma banda escocesa de gaitas de fole para excitar o
patriotismo luso. O fado ficaria para a hora de contar os
mortos. Em 29 de setembro de 1832, os miguelistas lançaram
um assalto formidável sobre a cidade sitiada, tentando uma
vitória definitiva. Os combates se travaram às baionetas pelas
ruas. Chegaram a tomar parte da cidade, mas foram
rechaçados. Na conta de Hugh Owen 52 , testemunha ocular
dos combates, as forças absolutistas perderam cinco mil
homens, contra apenas seiscentos e cinqüenta dos liberais. Foi
uma bela resistência mas o duque de Bragança compreendeu
que para romper o cerco sobre o Porto, teria que partir para a
ofensiva, espalhando a revolta por Portugal em direção a
Lisboa. Depois de alguns insucessos e vitórias parciais,
resolveu fazer mudanças. O grande general Saldanha tinha
ficado na Europa. É que d. Pedro tinha certas restrições
políticas contra ele. Além disso, ele andou conspirando contra
Fernando VII - o rei da Espanha - e d. Pedro tinha receio de
que o dito cujo mandasse forças para o cerco do Porto se
soubesse que Saldanha estava lá. Também havia o veto de
Palmela e o ciúme de Vila Flor. Mas era hora de jogar todas as
cartas na mesa. D. Pedro consegue superar sua própria
repugnância e contornar as desavenças em nome da causa
comum e manda chamar Saldanha. Entrega-lhe o comando do
exército e a missão de defender a cidade. No comando da
frota naval substitui Sartorius pelo almirante inglês Napier,
51 Entre eles Alexandre Herculano, Almeida Garret e o Batalhão
Acadêmico de Coimbra.
52 “O Cerco do Porto”.
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