Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

“a coisa mais romanesca que a história de qualquer país já pode
apresentar”.
Mas d. Pedro não entrava só com sua compulsiva
coragem. Confiava na adesão dos constitucionalistas
subjugados em Portugal. Assim se lança à louca empreitada.
Também não tinha outro remédio: não era de seu feitio ficar
exilado em algum país da Europa, curtindo uma vida de ócio.
O marques de Fronteira, que fez parte da expedição,
conta que no princípio não havia um plano muito preciso
sobre em que ponto de Portugal deveria acontecer o ataque.
Alguns sugeriam que a campanha começasse por Cascais,
visando um assalto relâmpago direto sobre Lisboa. Acabaram
optando pela região da cidade do Porto, velho reduto liberal,
berço da revolução de 1820 e das revoltas mais entusiásticas
contra o avanço absolutista. A oito de julho de 1832 o
exército do ex-imperador do Brasil e agora duque de
Bragança, desembarca na enseada de Pampelido, próximo à
cidade. Aí, a primeira surpresa de tantas outras que se
seguiriam boas e ruins. A cidade acabou sendo entregue de
bandeja às forças liberais pois o comandante miguelista,
visconde de Santa Marta, superestimou a força de ataque e
depois de chamar d. Pedro de “chefe de uma quadrilha de
salteadores”, preferiu deixar a cidade sem oferecer resistência,
embora tivesse 13 mil homens prontos para resistir. Foi o
primeiro grande erro da campanha desastrosa das forças de d.
Miguel, cheia de estratégias equivocadas. D. Pedro aceitou o
presente de muito bom grado e tratou de estabelecer ali o seu
quartel-general e se preparar para as grandes batalhas que
viriam. Aquela não seria uma guerra para se vencer sem tiros.
Logo as forças de d. Miguel formam um anel de ferro em
torno da cidade do Porto. Às forças de Santa Maria se juntam
as do general Póvoa e aí o sangue começaria a correr para
valer. D. Pedro resiste, sem cavalaria mas contando com
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