Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

tanto humilhante. Desistiram de retomar Portugal, pelo
menos por enquanto, e resolveram começar uma campanha
constitucionalista nos Açores, a partir da Ilha Terceira onde
um batalhão rebelde tinha jurado fidelidade a rainha d. Maria
II, repudiando d. Miguel como usurpador. Esta foi a base que
viabilizou o retorno de d. Pedro.
O primeiro que tentou desembarcar uma expedição
nos Açores foi Saldanha. Foi interceptado no mar pois os
Ingleses, sob a influência conservadora de Wellington, tinham
revolvido impedir uma progressão liberal no arquipélago. Vila
Flor, porém, logo depois conseguiria furar o bloqueio e
estabelecer uma boa base militar, assumindo a condição de
governador da ilha Terceira. Assim, fortificado o batalhão,
Vila Flor conseguiu rechaçar uma tentativa miguelista de
retomada da Ilha. Frustrada a tentativa os exilados puderam
passar dois anos mais tranqüilos, pensando num plano para
libertar o continente. Entenderam que primeiro tinham que
expandir seu domínio sobre o arquipélago. O marques de Vila
Flor mais uma vez comandou a campanha e conseguiu anexar
quase todas as ilhas dos Açores. Era a chance que d. Pedro
queria para estabelecer a cabeça de ponte de onde pudesse
confrontar Portugal, política e militarmente. Tratou de
legitimar a situação nomeando Palmela regente dos Açores,
em nome da rainha de Portugal, d. Maria II. Estavam
assentadas as bases para a queda de d. Miguel quatro anos
depois quando o próprio Vila Flor tomaria Lisboa e, em
seguida, bateria a última resistência dos absolutistas nas
proximidades de Santarém. Mas naquela ocasião, quase
ninguém no mundo acreditava nisso.
D. Pedro continuava imperador do Brasil e a situação
nos Açores se acomodou por cerca de três anos sem muitas
novidades, até que a causa liberal tomou um grande impulso
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