Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas
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não podia ser <strong>rei</strong> de Portugal. Na verdade a questão principal<br />
não estava na simples definição de qual <strong>do</strong>s varões de d. João<br />
VI deveria herdar a Coroa e sim na disputa <strong>do</strong> regime sob o<br />
qual Portugal deveria ser governa<strong>do</strong>: sob um soberano<br />
absoluto ou sob um <strong>rei</strong> que tivesse que se submeter às balizas<br />
de uma constituição. Essa discussão até já estava prestes a<br />
perder o sentin<strong>do</strong> mas a Santa Aliança <strong>do</strong>s <strong>rei</strong>nos<br />
conserva<strong>do</strong>res da Europa ainda tentaria dar a ela uma<br />
sobrevida. Aqueles que pugnavam por uma monarquia<br />
constitucional se aliaram com d. Pedro e os que defendiam<br />
uma monarquia absoluta se aliaram com d. Miguel. Mas d.<br />
Pedro não era como o pai e assim não perdeu tempo a esperar<br />
definições pelo acomodar das melancias através <strong>do</strong> sacolejar<br />
da carroça da história. Há muito já estava convenci<strong>do</strong> de que<br />
Brasil e Portugal jamais poderiam ser novamente reuni<strong>do</strong>s sob<br />
um mesmo <strong>rei</strong>. Assim, <strong>do</strong>is dias depois de saber da sua nova<br />
condição de <strong>rei</strong> <strong>do</strong>s lusitanos, já começava a colocar em<br />
marcha um plano que já tinha guarda<strong>do</strong> na gaveta: Portugal<br />
seria uma monarquia constitucional sob o cetro de sua filha<br />
com nome de d. Maria II. Ele preferia permanecer como<br />
impera<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Brasil. Em 26 de abril confirmou a regência de<br />
sua irmã e a 29 outorgou a carta constitucional que já estava<br />
pronta, aguardan<strong>do</strong> aquela chance. A <strong>do</strong>is de maio já abdicava<br />
em favor da filha. Eis o <strong>rei</strong>na<strong>do</strong> de d. Pedro IV de Portugal:<br />
durou pouco mais de uma semana. Mas a implementação <strong>do</strong><br />
plano não terminaria aí. D. Pedro sabia que teria pela frente<br />
uma dura oposição <strong>do</strong>s conserva<strong>do</strong>res portugueses e que seu<br />
irmão era a cabeça natural desse movimento. Planeja oferecer<br />
a regência a d. Miguel, desde que ele se case com d. Maria e<br />
jure a constituição que ele outorgara. Enquanto isso, a regente<br />
Isabel Maria, mesmo juran<strong>do</strong> fidelidade a d. Pedro, vai<br />
deixan<strong>do</strong> se envolver pelos conserva<strong>do</strong>res e vai adian<strong>do</strong> o<br />
juramento da carta outorgada pelo impera<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Brasil. E é aí<br />
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