Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

sendo muito mais o regente humilhado do que o vassalo fiel
de um reino distante onde, aliás, um bando de deputados
exaltados achacava continuamente a ele e ao pai. Eis um
pouco dos meandros do seu caráter.
O rei soldado
Os portugueses conhecem seu rei d. Pedro IV
também como “O Rei Cavaleiro ou Rei Soldado”. De fato, no
curto tempo que durou seu retorno à terra natal, não fez
muito mais do que guerrear contra seu irmão d. Miguel, à
frente dos exércitos liberais portugueses, apoiados
discretamente por franceses e ingleses. Também nem teve
tempo.
Ao morrer d. João VI tinha deixado a questão sucessória
no ar, limitando-se a nomear sua filha Isabel Maria como
regente provisória, até que a questão da herança ao trono
fosse resolvida. Até em seu último ato sobre a terra, ele não
deixaria de ser ardiloso e indireto. Não deixou claro o nome
de seu herdeiro. Talvez preferisse que fosse seu dileto filho d.
Pedro, mas sabia que o direito dele à Coroa Portuguesa
poderia ser amplamente contestado, ameaçando a
continuidade da dinastia. Seria um legado execrável para quem
já tinha perdido o Brasil. Também não teria deixado de
considerar que sob d. Miguel a monarquia portuguesa teria um
perfil absolutista, regime que lhe parecia muito mais natural,
pois os reis não tinham nascido para serem achacados pelo
povo como vinha sendo ultimamente. Dessa derradeira
indefinição do monarca resultaram dois penosos anos de
guerra civil nos diversos cantos de Portugal. A princesa
regente, nomeada por d. João no leito de morte, logo pareceu
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