Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

ordens, porque a minha obrigação é obedecer cegamente e assim o pede a
minha honra, ainda que perca a vida.”
No dia 15 repetia os rumores de que os brasileiros
imputariam, ao retorno dele para Portugal, a causa de uma
provável ruptura entre os dois reinos e finalizava:
“Torno a protestar às Cortes e a Vossa Majestade que só a força será
capaz de me fazer faltar ao meu dever, o que será o mais sensível nesse
mundo. Concluo dizendo: sou fiel e honrado.”
Menos de um mês depois d. Pedro proclamava aos
brasileiros que ficava no Brasil
Como já tentamos convencer em capítulos passados,
d. Pedro, nem de longe, tinha intenção de ser insincero com o
pai e até mesmo em ser ardiloso com as Cortes. Apenas foi
colhido pelo vendaval e preferiu navegar na direção que lhe
era favorável. Era um filho amoroso e um constitucionalista
assumido. Mas também não seria ingênuo de não perceber o
peso político das coisas, nem teria sangue de barata para voltar
para Portugal como um moleque, escorraçado da regência do
Brasil. Na verdade, a seqüência das declarações contidas nas
cartas ilustra com muita propriedade, a forma como ele foi se
ajustando rapidamente a sucessão vertiginosa dos
acontecimentos na virada dos anos 1821/1822 e que o foram
empurrando na direção de setembro. Certamente os decretos
de 29 de setembro de 1821 causaram nele enorme irritação e
ele logo deve ter pensando em confrontá-los, se tivesse forças
para tal. E o fez, assim que sentiu que tinha o apoio das
províncias de Minas, Rio e São Paulo. É essa a história do
fico. D. Pedro estava sendo muito mais o príncipe
desassossegado do que o filho amoroso. Também estava
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