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Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

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continuaram logo em seguida quan<strong>do</strong> ele tinha nove anos e<br />

sua mãe tentou arranjar-lhe um bom contrato de casamento<br />

nas cortes europeias. Foram quatro tentativas fustradas até<br />

que em 1666, depois de quatorze anos de buscas e já sen<strong>do</strong> ele<br />

<strong>rei</strong>, d. Maria Francisca Isabel de Saboia - a sensualíssima<br />

Mademoiselle d´Aumale - aceitou casar-se com o pobre <strong>rei</strong>.<br />

Não poderia ter ele da<strong>do</strong> maior azar. É que a rainha e d. Pedro<br />

- o irmão caçula <strong>do</strong> <strong>rei</strong> - começaram a namorar debaixo das<br />

suas barbas, encimadas por <strong>do</strong>is notórios cornos nascentes.<br />

Apaixonaram-se e começaram a tramar contra ele, ajuda<strong>do</strong>s<br />

pela própria mãe que continuava disposta a afastar o filho <strong>do</strong><br />

trono, temen<strong>do</strong> pelos destinos de Portugal com um <strong>rei</strong> como<br />

seu filho.<br />

A primeira parte da tenebrosa conspiração consistiu<br />

em anular o casamento para que d. Pedro pudesse desfrutar<br />

com menos contrangimento das intimidades irresistíveis da<br />

cunhada. Alegou-se que o casamento não se tinha consuma<strong>do</strong>,<br />

embora a rainha tivesse chega<strong>do</strong> a anunciar orgulhosamente<br />

que esperava um filho <strong>do</strong> mari<strong>do</strong> cornu<strong>do</strong>. A anulação das<br />

bodas é por si só um notável escândalo histórico, envolven<strong>do</strong><br />

o papa, o núncio e batinas de menor esplen<strong>do</strong>r, to<strong>do</strong>s<br />

irmana<strong>do</strong>s na conspiração por motivos vários, nenhum,<br />

contu<strong>do</strong>, <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> de um pingo de dignidade. Ato sequente, d.<br />

Afonso foi pressiona<strong>do</strong> a abdicar em favor <strong>do</strong> irmão. Ten<strong>do</strong><br />

resisti<strong>do</strong> timidamente foi apea<strong>do</strong> <strong>do</strong> poder com uma simples<br />

intimação verbal.<br />

Mas a covardia não justificou a imoralidade da trama.<br />

Corria o ano de 1668 e aí se iniaciaria o ato final da tragédia<br />

pessoal de d. Afonso. D. Pedro assumiu o poder em seu lugar<br />

como príncipe regente e simplesmente casou-se com Maria de<br />

Saboia. Quer dizer, deixou o irmão literalmente liquida<strong>do</strong>,<br />

vagan<strong>do</strong> sozinho qual alma penada. Para completar, d. Afonso<br />

VI foi bani<strong>do</strong> para os Açores onde permaneceu por cinco<br />

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