Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas
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D. Pedro era mentiroso e enganava ao pai? Ou seja,<br />
era mesmo o tal herói sem nenhum caráter que alguns<br />
apregoam? É o que pode levar a crer o conteú<strong>do</strong> das cartas<br />
que enviou a d. João no mês de dezembro de 1821, logo após<br />
o impacto produzi<strong>do</strong> pelos decretos de 29 de setembro que<br />
tratavam o príncipe regente como se ele fosse um moleque.<br />
No dia 10 escrevia ele:<br />
“No mesmo dia em que a junta for eleita tomará entrega <strong>do</strong> governo,<br />
porque acaba imediatamente aquela autoridade dantes constituída e<br />
assim, logo que seja eleita, vou dar sem demora pronta execução <strong>do</strong><br />
decreto que me manda partir o quanto antes.”<br />
E mais adiante:<br />
“Enquanto eu tiver forças conte Vossa Majestade e a nação com a<br />
minha pessoa (***). Isto é o que minha alma sente e diz sem lisonja nem<br />
interesse.”<br />
Quatro dias depois voltava ao assunto:<br />
“Dou parte a Vossa Majestade que a publicação <strong>do</strong>s decretos fez um<br />
choque muito grande nos brasileiros e em muitos europeus aqui<br />
estabeleci<strong>do</strong>s, a ponto de se dizerem pelas ruas: se a constituição é fazernos<br />
mal, leve o diabo tal coisa: havemos fazer um termo para o príncipe<br />
não sair sob pena de ficar responsável pela perda <strong>do</strong> Brasil para<br />
Portugal.”<br />
E arrematava:<br />
“Sem embargo de todas essas vozes eu vou me aprontan<strong>do</strong> com toda a<br />
pressa e sossego, a fim de ver se posso, como devo, cumprir tão sagradas<br />
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