Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

dois meses depois Barbacena assumia a testa do ministério
imperial como ministro da fazenda. Embora militar de
formação, ele não tinha se dado bem nessa carreira,
mostrando-se muito melhor diplomata do que marechal.
Também tinha credenciais para ser ministro da fazenda pois
era um empresário muito bem sucedido, com negócios na
Bahia e trânsito junto aos banqueiros ingleses. Uma das
primeiras coisas que Barbacena fez à frente do ministério não
tinha nada a ver com as combalidas finanças do reino, mas
afetava a governabilidade do reino como um todo. É que ele,
como a opinião pública em geral, achava que d. Pedro era
muito susceptível aos palpites dos validos que o cercavam,
chefiados pelo ardiloso Chalaça. Assim, foi pedir a d. Pedro
para afastar da intimidade da corte aquele ciclo de amigos de
má fama que tanto prejudicavam sua autoridade e que
escandalizariam a jovem nova imperatriz, assim como tinha
escandalizado a defunta d. Leopoldina que detestava aquela
corja achando, não sem razão, que tinha muito cafetão em
torno de d. Pedro. O imperador, maravilhado com a nova
esposa e querendo se reabilitar diante dos seus súditos
brasileiros e das cortes europeias, concordou e mandou o
Chalaça passear na Europa por tempo indeterminado. Nasceu
aí uma briga de foice no escuro.
Felisberto Caldeira Brant Pontes de Oliveira Horta – o
marquês de Barbacena – embora tenha ficado rico negociando
na Bahia, tinha nascido em Mariana em 1772. Francisco
Gomes da Silva – o Chalaça - nasceu em Lisboa em 1791. Na
visão da maioria dos historiadores não havia, entre as pessoas
mais próximas de d. Pedro, duas que fossem tão diferentes.
Caldeira Brant, oriundo das mais tradicionais e ricas famílias
mineiras, depois de todos aqueles relevantes serviços
prestados, agora tentava servir d. Pedro como ministro, num
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