Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

Pode-se dizer que as constituições doadas por d.
Pedro ao Brasil e a Portugal, juntas, vigoraram por cento e
trinta e um anos e foram substituídas por constituições
republicanas, tanto no Brasil quanto em Portugal. Há de se
reconhecer que elas contribuíram para dar uma sobrevida à
monarquia brasileira e portuguesa e à Dinastia de Bragança.
No primeiro caso ajudada pela independência da velha colônia
que, se não fosse pelo gesto de d. Pedro, teria se transformado
numa federação de republiquetas antes mesmo da morte de d.
João VI, tal qual pretendiam os revolucionários
pernambucanos de 1824.
Certa canalha
Quando o visconde de Barbacena chegou ao Rio de
Janeiro em 16 de outubro de 1829 trazendo d. Maria Amélia
pelo braço e d. Maria II pela mão, o imperador o abraçou
efusivamente, jurando eterna gratidão e duradoura amizade.
Afinal, depois de dois anos de penosa busca de uma noiva
para o fogoso viúvo, a missão tinha sido cumprida com êxito.
Ainda mais tendo resultado na descoberta de uma princesa
graciosa, fresca e belíssima que estava ali pronta para cumprir
a parte mais saborosa do minucioso contrato de casamento.
Além disso, Barbacena tinha tomado prudente resolução
colocando d. Maria II – então uma tenra criança - à salvo das
garras de d. Miguel e/ou de Metternich que tinham planos
não muito gloriosos para ela. A dupla missão tinha sido
extraordinariamente dispendiosa mas d. Pedro, naquela altura
deslumbrado com o resultado, não tinha contestado nenhum
dos centavos gastos. De sorte que abria-se para o visconde um
doce horizonte, propício a gloriosos feitos, respaldados na
amizade do imperador, agora jurada em granito. Menos de
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