Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas
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e não poucos jornalistas acabaram viran<strong>do</strong> deputa<strong>do</strong>s como<br />
Evaristo da Veiga, Luiz Augusto May, Antônio Borges da<br />
Fonseca e muitos outros.<br />
Nossa primeira constituição teria si<strong>do</strong> baseada mais<br />
especificamente na carta constitucional de Luis XVIII de 1814<br />
e vigorou até o advento da república, ou seja, durante sessenta<br />
e cinco anos. Inspirava-se num liberalismo constitucional mais<br />
modera<strong>do</strong> <strong>do</strong> que o da carta de Cádiz de 1812 e o da carta<br />
portuguesa oriunda <strong>do</strong> movimento de 1820. Da carta francesa<br />
her<strong>do</strong>u aquele velho princípio de que a autoridade máxima<br />
repousa na pessoa <strong>do</strong> <strong>rei</strong> e dela depende a ordem social.<br />
Instituía um governo monárquico hereditário, constitucional e<br />
representativo. A religião católica era o cre<strong>do</strong> oficial.<br />
Estabelecia que os portugueses residentes no Brasil à época da<br />
independência, também eram brasileiros. Instituía os poderes<br />
executivo, legislativo, judiciário e modera<strong>do</strong>r. A ideia da<br />
existência <strong>do</strong> poder modera<strong>do</strong>r veio diretamente de Benjamin<br />
Constant, trazida por Carneiro de Campos ou, mais<br />
provavelmente, pelo próprio impera<strong>do</strong>r. A carta de d. Pedro<br />
estabelecia ainda uma assembleia geral formada da câmara <strong>do</strong><br />
sena<strong>do</strong> e da câmara <strong>do</strong>s deputa<strong>do</strong>s. O mandato de deputa<strong>do</strong><br />
era de quatro anos e os sena<strong>do</strong>res eram vitalícios, sen<strong>do</strong> um<br />
terço <strong>do</strong> grupo escolhi<strong>do</strong> pelo impera<strong>do</strong>r ao qual se somavam<br />
os príncipes imperiais, sena<strong>do</strong>res natos. Como toda carta<br />
liberal <strong>do</strong> século XIX, a carta de d. Pedro tentava conciliar a<br />
<strong>do</strong>utrina da soberania da nação e <strong>do</strong>s di<strong>rei</strong>tos <strong>do</strong> cidadão, com<br />
a preservação <strong>do</strong> poder <strong>do</strong> <strong>rei</strong>. Quer dizer, tentava segurar as<br />
monarquias num tempo em que elas já começavam a não<br />
fazer mais senti<strong>do</strong> e as sementes republicanas já rompiam o<br />
solo comprimi<strong>do</strong> pelo peso excessivo e longevo <strong>do</strong>s tronos.<br />
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