Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

vocação, não chegou a participar das operações militares de
tomada do poder. Assim, quando um grupo de nobres entrou
em Lisboa e subjugou a duquesa de Mântua, ele estava em
Vila Viçosa, residência favorita dos duques de Bragança.
Mas, de qualquer forma, em 1º de dezembro de 1640
o duque de Bragança virava rei de Portugal com o título de d.
João IV, O Restaurador. 2 Estava fundada a Dinastia de
Bragança, sucedendo à Dinastia de Avis, sepultada em 1580
com a morte de d. Henrique que, por ser padre consciencioso,
não deixou herdeiros. 3 Mas o seu compulsório celibato acabou
remetendo a Coroa Portuguesa ao colo do monarca espanhol
d. Felipe II, que a passou ao filho e deste ao neto. De sorte
que quando os lusos restauraram seu reinado já se tinham
passados sessenta anos e o rei espenhol era Felipe IV.
D. João governou Portugal durante dezesseis anos
atribulados, pelejando com a dura tarefa da restauração. Ao
morrer, sua profícua intimidade com d. Luisa tinha produzido
quatro príncipes e três princesas. Os dois mais velhos não
sobreviveram a ele e os demais não tinham idade para assumir
o trono. Assim d. Luisa assumiu como regente e eis que o
trono volta às mãos espanholas de “mãos beijadas”. Mas ela
era fiel a Portugal e amada pelos seus súditos e não urdiu
2 Dizem os mais maldosos que ele foi um dos últimos a saber que
tinha virado rei. Puro exagero. Ele realmente não era um nobre
guerreiro como d. Afonso Henriques o fundador do reino de
Portugal, mas fez um competente trabalho diplomático que garantiu
o reconhecimento da independência portuguesa e o apoio militar da
Inglaterra e da França que assegurou as vitórias sobre as forças de
Filipe IV da Espanha e consolidaram a restauração.
3 Ele tinha sucedido ao sobrinho - o famoso rei d. Sebastião, “O
Esperado” - que também tinha morrido sem descendentes.
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