Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

imperador não parece tão absurdo assim. Mesmo porque,
indenizações entre nações sempre fez parte da história: de
vencidos para vencedores, de ofensores para ofendidos e... ,
por que não, de filho para pai. Além disso, como já tinha
anotado o marquês de Pombal, às vezes custa mais barato
evitar guerras do que fazê-las. Mas o que mais pesou mesmo
foi a pressa que d. Pedro tinha de que o mundo reconhecesse
o Brasil como nação independente. Afinal não há imperador
se o império não existe. Mas que, do ponto de vista financeiro,
o acordo custou caro, não há como negar.
Cartas na manga
Como d. Pedro se tornou um liberal, vivendo numa
corte tradicionalista tão longe da Europa? Seu irmão d. Miguel
pensava exatamente o oposto que ele e, certamente, muito das
ideias absolutistas ouviu da mãe em suas cantigas de ninar,
cheias de arengas e doutrinações. Nesse aspecto o afastamento
de d. Pedro da convivência com d. Carlota Joaquina deve ter
contribuído muito para que ele se tornasse um liberal
convicto. Porém, nesse ponto, se a mãe não atrapalhou o pai
também não ajudou, pois d. João VI não se acomodava muito
bem nos meios constitucionalistas. Os preceptores de d.
Pedro, pelos menos os das primeiras letras, também não
primavam propriamente pelas ideias liberais. Como então a
semente foi plantada?
Com certeza, seu liberalismo foi fermentado muito
com base em suas leituras e conversas com os amigos e, nesse
aspecto, os condes de Palmela, da Barca e dos Arcos devem
ter ajudado com suas manhas e alguns conselhos
bibliográficos. Bons livros não faltavam ao jovem príncipe,
mesmo porque, da maravilhosa biblioteca que d. João havia
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