Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

de julho de 1822 e procurava convencê-lo de que era chegada
a fatídica hora, não havia mais o que esperar.
Esses decretos determinavam que:
- D. Pedro podia permanecer no Brasil “governando, entretanto,
com sujeição de El-rei e das Cortes, (somente) as províncias que
atualmente governa, e lhe obedecem”;
- Tornava nula a convocação da constituinte brasileira;
- Mandava processar o ministério de d. Pedro, responsável
pela convocação (quer dizer, José Bonifácio incluso);
- Mandava processar os membros da Junta de São Paulo
(incluso José Bonifácio, mais uma vez).
Está certo que havia fortes interesses pessoais de José
Bonifácio embutidos nos decretos, mas ele não seria tão
medíocre a ponto de deixar passar a oportunidade que, afinal,
continha a contundência necessária a provocar a carga de
indignação pública que o desfecho final requeria. Arrastado ou
não, ele fez o que tinha que fazer como ministro e brasileiro.
Ademais, ele não era homem de desperdiçar os
espaços que lhe davam ou que conquistava com fina
habilidade. Era cativante pelas maneiras e pela inteligência e
tinha histórias interessantes para contar sobre os quatro
cantos da Europa. É inegável que d. Pedro e d. Leopoldina
eram fascinados pelo Andrada. Principalmente a princesa que,
encontrava nele, toda aquela fineza de caráter que faltava no
círculo das amizades mais íntimas do marido. Confiava nele e
viu no velho um meio seguro de conduzir d. Pedro para o
lado que desejava. Daí, ele deve ter se sentido à vontade para
140