Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

separatista e naquele instante, o dito patriarca, com certeza,
ainda não cultivava ideias de ser infiel à pátria mãe. Àquela
altura estava claro que a preocupação dos Andradas e, aliás, da
maioria dos políticos brasileiros, era apenas conquistar a tal
posição igualitária para o Brasil no concerto do reino unido.
Essa era a suprema missão dos deputados paulistas enviados a
Lisboa. O próprio d. Pedro, indubitavelmente, partilhava
dessa visão conciliadora. Tanto que ele ficou
entusiasmadíssimo com o conteúdo das instruções, quando
Antônio Carlos, chefe da deputação paulista, as apresentou a
ele no dia 09 de novembro de 1821, às vésperas de embarcar
para Lisboa.
O primeiro mandamento das instruções de
José Bonifácio pregava: “integridade e indivisibilidade do reino
unido”. Outro mandamento propunha que a sede do reino
unido fosse no Brasil ou, quem sabe, no Rio e em Lisboa
alternadamente. Um outro ponto propunha a criação de leis
orgânicas para regular a união. Ao mesmo tempo, o
documento continha uma série de propostas legais e de
governo buscando pragmaticamente lançar bases sólidas para
viabilizar a união lusobrasileira. Não tenho nenhuma dúvida
de que, se as instruções inspiradas por José Bonifácio tivessem
sido absorvidas pela Cortes de Lisboa, a independência teria
sido retardada em algumas décadas. O segundo
documento interessante a que nos referimos é a carta que José
Bonifácio enviou a d. Pedro, datada de 24 de dezembro de
1821. Os dois documentos nos permite notar uma certa
mudança de humor mas, mesmo então, o Andrada ainda não
pensava em independência, nem em seus sonhos mais
agitados. A correspondência enviada ao, então príncipe
regente do Brasil, em nome da junta paulista de governo,
protestava contra os decretos das Cortes de 29 de setembro de
1821 . Em essência exortava d. Pedro a permanecer no Brasil,
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