Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

Bragança e passou-o ao filho, aplainando a trilha para
viabilizar o magnífico casório. De fato, não havendo nada que
pudesse impedir as bodas, elas se deram no dia 1º de
novembro de 1401 para grande gáudio dos pais que,
entusiasmados, resolveram investir no consórcio muito mais
do que estava inicialmente combinado. Tanto que, já uma
semana depois da feliz união, o rei lavrou uma carta de doação
passando ao patrimônio do recém-criado Ducado de Bragança
as terras dos julgados de Neiva, Danque, Parelhal, Faria, Rates
e Vermoim, com todos os seus bens públicos e privados pois
naqueles tempos ainda não havia tais diferenças e tudo era do
grão-senhor das terras onde as pessoas nasciam, trabalhavam,
procriavam e morriam.
O dote feito por d. Nuno Álvares Pereira também
não ficou atrás. Incluia a vila e o castelo de Chaves com as
terras do Monte Negro, o castelo de Monte Alegre, as terras
do Barroso e Baltar, Paços e Barcelos, as quintas de
Carvalhosa, Covas, Canedos, Seraes, Godinhaes, Sanfims,
Temporam, Moreira e Piusada/ Bustelo. Mais tarde o rei, com
a aquiêscencia da rainha e do irmão de d. Afonso acrescentou
ao patrimônio as terras de Penafiel, Bastos e Coutos das
Vargeas. Também d. Nuno, tomado do mesmo entusiasmo
paternal, acrescentou ao já riquíssimo patrimônio do nóvel
casal, o condado e a Vila de Arraiolos, as rendas e direitos de
Montemor, Évora, Monte, Estremoz, Souzel, Alter do Chão,
Fermosa, Chancelaria, Assumar, Lagomel, Vila Viçosa, Borba,
Monsaraz, Portel, Vidigueira, Frades, Vilalva, Ruivas, Beja,
Campo de Ourique, e os padroados de S. Salvador de Elvas e
Vila Nova de Anços. Ou seja o Ducado de Bragança, logo ao
ser criado, já era quase um reino dentro de Portugal,
estendendo-se do extremo norte até as proximidades de
Lisboa. Mesmo assim continuou a crescer e no tempo do
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