Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

enfunou as velas em direção à Bahia. Era lá que estava
estabelecida a maior resistência contra a separação
lusobrasileira. Tudo começou em 09 de dezembro de 1821,
quando uma carta régia, nomeou o brigadeiro português
Inácio Luis Madeira de Melo governador de armas da
província da Bahia. Acontece que o brigadeiro brasileiro
Manuel Pedro da Silva Guimarães já ocupava esse cargo e,
naquela altura, os partidos brasileiro e português já tinham
assumido suas diferenças com toda a nitidez. Madeira acabou
forçando a barra e, escorado numa carta de nomeação do
próprio d. João VI, ocupou o posto com a aquiescência da
junta de governo. Mas estabeleceu-se um conflito que deitou
uma inflamada linha divisória entre os militares portugueses e
os brasileiros. As diferenças se acentuaram após a
proclamação da independência. Pretendia Madeira centrar em
Salvador um foco de resistência militar para tentar
heroicamente reverter a situação. Contudo, contava apenas
com os parcos recursos que as Cortes tinham condições de
desviar para o Brasil.
A resistência durou mais de um ano e as Cortes se
limitaram a despachar um modesto reforço de 3.700 soldados
portugueses para fincar o tal foco de resistência. Era o
derradeiro e patético esforço militar votado para tentar
reconquistar o Brasil às vésperas das próprias Cortes serem
dissolvidas.
Depois de várias batalhas o exército brasileiro, tendo
Rodrigo Delamare à frente da força naval ajudado pelo
brigadeiro francês Pierre Labatut e tendo José Joaquim de
Lima e Silva à frente das forças terrestres, conseguiu a
rendição e expulsão de Madeira para Portugal. Os soldados
portugueses voltaram para casa humilhados e entraram na
boca do Tejo um tanto espavoridos tendo o capitão John
129