Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

tinha deixado de ser a pátria-mãe e os seus exércitos passavam
a ser tratados como invasores.
A esperta proposta de fazer do príncipe regente
defensor perpétuo surgiu do brigadeiro Domingos Alves
Branco Moniz Barreto e foi lançada numa reunião da
maçonaria. Atingiu em cheio a vaidade de d. Pedro e influiu
intensamente na sua disposição pela separação. Foi proposto
o dia 13 de maio para a proclamação e assim foi feito.
Coincidia com a data do aniversário de d. João VI e aquele
presente certamente não o agradaria. A proclamação foi
seguida de um desfile militar com 4.000 participantes. A
guarda de honra desfilou em uniformes novos de inspiração
austríaca, em homenagem a d. Leopoldina. Em 21 de maio
escrevia ao pai “Defenderei o Brasil que tanto me honrou (...) tal é o
meu dever como brasileiro. D. João deve ter suspirado e se
conformado com certa amargura, acreditando, contudo, que
quando o filho herdasse o trono português, aquela ameaça de
perda do Brasil se corrigisse.
Em junho era convocada uma assembleia geral
constituinte e legislativa brasileira. Em agosto d. Pedro vai a
São Paulo tentar acomodar as dissidências da junta provisória
paulista. É ai que recebe as cartas de d. Leopoldina e dos
irmãos Andradas, informando-o de que as Cortes ameaçavam
radicalizar ainda mais e que o clima no Brasil era propício à
separação. Fica sabendo que um corpo de sete mil
expedicionários portugueses estava sendo preparado para vir
ao Brasil e que os deputados de Lisboa passaram a tratá-lo
como se fosse um moleque. Um deles disse em plenário: “Se
examinarmos atentamente o caráter e o procedimento do príncipe
encontramos um mancebo vazio de experiência, arrebatado pelo amor da
novidade e por um insaciável desejo de figurar, vacilante em princípios,
incoerente em ação, contraditório em palavras.”
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