Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

“A independência que se tem querido cobrir comigo e com a
tropa; com nenhum conseguiu, nem conseguirá, porque a minha honra e a
dela são maiores do que todo o Brasil; queriam-me, e dizem que me
querem aclamar imperador, protesto a Vossa Majestade que nunca serei
perjuro, que nunca lhe serei falso, e que eles farão essa loucura, mas será
depois de eu e todos os portugueses estarem feitos em postas.”
Enquanto isso, a maçonaria ganhava corpo e o moto
do seu crescimento era o alinhamento dos patriotas brasileiros
que sentiam que uma grande chance de mudança estava em
gestação, longe de Portugal.
Enfim, agora estavam formados os partidos brasileiro
e português, postados em lados diversos e que já marchavam
celeremente para se tornarem lados contrários. A bem da
verdade, o partido brasileiro contava também com ilustres
figurantes nascidos em Portugal. Vários portugueses natos
tiveram papel preponderante na emancipação, tanto no
exército, quanto na política e até nas ruas. Portanto, o local de
nascimento não era o fator principal a discriminar os partidos,
embora fosse lembrado primeiro quando se queria discriminar
as pessoas.
Em janeiro de 1822 os Andradas se incorporaram ao
ministério da regência. D. Pedro tinha escolhido o seu lado. A
independência estava em marcha e ele começou a mexer as
peças do jogo, às vezes comedido, às vezes afoito, às veze
sozinho, às vezes levado por outros.
A primeira medida de caráter militar tomada por d.
Pedro foi a determinação de que a Divisão Auxiliadora
retornasse a Portugal, o que ocorreu em 15 de fevereiro de
1822. No mês seguinte, a divisão que vinha para reforçar a
primeira foi impedida de desembarcar e teve que retornar. D.
Pedro então é proclamado “defensor perpétuo do Brasil”. Portugal
124