Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

liberando nada menos do que 53 contos de reis para a
realização de um monumental baile para mil e trezentas
pessoas, incluso nas palavras dele mesmo, incorrigível
cronista: “Camarotes todos armados com galão de prata, festões de
flores das mais finas, muitas luzes, uma ótima ceia.”
Mas, a partir de setembro de 1821, a intenção das
Cortes de recolonizar o Brasil, começou a se tornar mais clara
aos olhos do povo brasileiro e a causa emancipadora foi
crescendo e se acelerando Em meados daquele mês já
circulavam boatos de que no dia 12 de outubro – dia do
aniversário de d. Pedro - os brasileiros iriam proclamá-lo
imperador. Mesmo desconhecendo o que ia aquela altura no
Brasil, foi já nesse clima que as Cortes tomaram a decisão mais
indicativa das suas intenções regressivas. Pelos tais decretos,
produzidos em 29 de setembro de 1821, d. Pedro foi instado a
regressar e foi decidido que as tropas portuguesas
estacionadas no Brasil deveriam ser reforçadas. Foi aí que se
estabeleceu uma linha divisória definitiva, brasileiros e
portugueses passaram a pugnar mais claramente em campos
opostos e d. Pedro sentiu que podia contar com algum
respaldo para ir adiante à sua ambição em relação ao Brasil
onde queria ser rei, mais cedo ou mais tarde. Mas isso não o
seduziu de imediato como uma simples paixão, mesmo
porque, como veremos mais adiante, naquela altura, nem ele
nem nenhum político de mais destaque pensava em desligar-se
do reino unido.
Havia menos de seis meses que d. João tinha entregue
a ele a regência do Brasil. Por mais que tivesse pressa, ainda
sentia a presença do pai. A ele enviaria uma carta cheia de
fidelidade onde dizia:
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