Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

enfrentar em seu curto período de regência. As bases da nova
constituição tinham chegado ao Brasil poucos dias antes. O
documento, como o próprio príncipe regente tinha alegado,
determinava que as condições constitucionais estendidas ao
Brasil só seriam estabelecidas depois que os deputados
brasileiros tivessem condições de participar dos debates.
Portanto, nada tinha que ser feito por enquanto. Não
obstante, firmou-se aquele movimento para obrigar d. Pedro a
jurar obediência às tais bases. A exigência era essencialmente
política, já que a própria constituição já tinha sido jurada
extemporaneamente em 26 de fevereiro, quando os trabalhos
constitucionais ainda estavam em estado de gestação. Mas o
fato é que esse detalhe lógico não tinha a menor importância
pois o que se queria mesmo era aporrinhar o príncipe regente
e desgastá-lo politicamente, minando sua autoridade como
quereriam as Cortes cada vez mais.
Melo Morais sugere que por trás do movimento da
tropa se postava o conde de Louzã que estava louco para
derrubar o conde dos Arcos, amigo e principal conselheiro de
d. Pedro. Na véspera o príncipe tinha partido para Santa Cruz
para cuidar de seu mistér fazendeiro. À noite foi avisado de
que o batalhão de caçadores de São Cristóvão estava
amotinado, o que o fez voltar a acelerado galope como era de
seu feitio. Foi direto tirar satisfação com os rebeldes, mas eles
desconversaram. Tomaram uma descompostura, contudo não
se intimidaram. Na manhã seguinte a tropa amotinada,
engrossada por mais três batalhões, ia se postar
desafiadoramente na praça do Rossio. Informado do
ajuntamento d. Pedro, mais uma vez, partiu a galope para o
meio do tumulto. Interrogados os rebelados pediram o
juramento das bases da constituição, o afastamento do conde
dos Arcos e a formação de uma junta de governo à qual o
ministério da regência teria que prestar contas. Pela primeira
119