Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

No Brasil, pouco antes da independência, dois
partidos se estranhavam. Um era o partido brasileiro, tendo
como braços a maçonaria, a oficialidade nativa e a imprensa.
O outro era o partido português, formado pela Divisão
Auxiliadora do exército luso, pelos antigos funcionários da
corte e por comerciantes. Enquanto d. João VI ainda estava
no Brasil matutando se devia voltar ou não, não havia muitas
diferenças e os brasileiros tinham por bandeira principal
apoiar o constitucionalismo português que lhes parecia um
avanço notável para reger o novo status de reino que d. João
VI concedera ao Brasil. Com a volta do rei para Portugal
deixando d. Pedro como regente, isso foi mudando
rapidamente e os brasileiros passaram a sentir que tinha sido
criada a grande chance de ruptura com Portugal e de
implantação de uma monarquia constitucional brasileira, com
d. Pedro I à frente. A partir daí os dois partidos passaram a
atuar pelas suas respectivas bandeiras e não deixou de correr
sangue nos momentos mais quentes.
O primeiro incidente político que d. Pedro teve que
enfrentar sozinho, nem tinha posto ainda os partidos em
verdadeiro confronto. O inimigo comum de portugueses e
brasileiros era o absolutismo, ou seja, o excesso de poder
concentrado nas mãos da Casa de Bragança e que as Cortes
queriam podar ao máximo. O incidente aconteceu quando o
regente relutou em jurar as bases da constituição elaborada em
Lisboa. Alegou que os deputados brasileiros não tinham
participado dos debates pois ainda não tinham tido tempo de
se incorporar à assembleia de Lisboa. Também achava que
não precisava jurar o que já tinha jurado. Mas pressionado
tanto por brasileiros quando pela tropa, d. Pedro teve que
voltar atrás. Era o dia 05 de junho de 1821. Viveria o primeiro
dos muitos dias de agitação militar e popular que teve que
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