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Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

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O pomo está maduro.<br />

Em primeiro de agosto de 1822 d. Pedro emitiu um<br />

decreto contundente e, na mesma data, fez uma proclamação<br />

ao povo brasileiro. Formam um conjunto que vale como uma<br />

autêntica antecipação da aclamação de independência. O<br />

decreto, nas palavras de Tarquínio Barbosa, se constitui numa<br />

“verdadeira declaração de guerra à antiga metrópole”. Nele o príncipe<br />

regente declarava inimigas todas as tropas que as Cortes<br />

viessem a despachar para o Brasil bem como as tripulações<br />

<strong>do</strong>s navios que as transportassem. Determinava que, caso<br />

tentassem desembarcar, deveriam ser rechaçadas pelas forças<br />

militares de primeira e segunda linhas e até pelo povo em<br />

armas. Em determina<strong>do</strong> ponto da proclamação que completa<br />

o decreto diz ele:<br />

“Acordemos pois, generosos habitantes deste vasto e poderoso<br />

Império; pois está da<strong>do</strong> o grande passo da vossa independência e<br />

felicidade, há muito tempo preconiza<strong>do</strong> pelos grandes políticos da Europa.<br />

Já sois um povo soberano; já entrastes na grande sociedade das nações<br />

independentes a que tínheis to<strong>do</strong> o di<strong>rei</strong>to”.<br />

Embora o processo da independência já estivesse<br />

claramente em curso desde janeiro de 1822, para muitos o<br />

rompimento político lusobrasileiro ainda é aquela coisa meio<br />

tresloucada que teve lugar intempestivamente numa bela tarde<br />

<strong>do</strong> dia sete de setembro <strong>do</strong> ano de 1822, no decorrer de uma<br />

viagem que, afinal, nem tinha muita relevância política. As<br />

dissidências da junta de São Paulo eram muito mais uma<br />

questão pessoal <strong>do</strong>s Andradas <strong>do</strong> que uma ameaça à<br />

autoridade <strong>do</strong> regente. Desta forma, a viagem às plagas<br />

paulista não era uma questão particularmente crítica. Que<br />

acontecesse o gesto final <strong>do</strong> rompimento às margens <strong>do</strong><br />

Ipiranga foi, pois, mais uma questão de hora <strong>do</strong> que de lugar.<br />

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