Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

com seus filhos legítimos o que inseria a bastarda no nível de
nobreza dos demais. Teria ela escrito “Tudo posso sofrer e tenho
sofrido, menos ver essa menina a par de meus filhos.” Como bem
anotou Otávio Tarquínio “eram os netos do Imperador da Áustria
convivendo com a neta de um locador de bestas da capitania de São
Paulo”.
A primeira imperatriz do Brasil morreu em dezembro
de 1826 quando d. Pedro se encontrava no Sul,
acompanhando os insucessos da Guerra Cisplatina, tentando
infundir mais ânimos à soldadesca brasileira. Desde abril que
ela não se encontrava bem, queixando-se de dores reumáticas.
Seguiu-se um aborto, provocado, certamente, pela evolução
da sua própria doença. O imperador chegou a pensar em adiar
a viagem, mas a enfermidade não parecia particularmente
grave e ele seguiu em frente. Estava longe, portanto, quando,
no dia 11, o médico da imperatriz anunciava: “Foi Deus servido
chamá-la a Si pelas dez horas e um quarto”. Na sua última carta
endereçada à irmã e ditada dois dias antes de morrer, escreveu:
“Por amor a um monstro sedutor me vejo reduzida ao estado da maior
escravidão e totalmente esquecida pelo meu adorado Pedro”. Não há
dúvida: morreu de paixão pelo marido infiel.
Chegou a circular uma versão de que a causa da morte
teria sido uma agressão física sofrida de d. Pedro, poucos dias
antes dele viajar. A semente da versão seria a carta derradeira
da imperatriz onde ela menciona ter sofrido um “horroroso
atentado” do marido e que este seria a causa da sua morte.
Hoje, prevalece a crença de que a Imperatriz, morreu mesmo
foi de melancolia e que o mencionado atentado teria sido o
próprio desprezo do marido. Segundo ela, d. Pedro chegou a
destratá-la diante da amante, suprema humilhação para uma
imperatriz mãe de um imperador, uma rainha e uma princesa
da França.
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