Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

acabou dando certo, mesmo porque, também pesou a opinião
da própria noiva pois ela estava morrendo de curiosidade para
conhecer a natureza exuberante da América do Sul, sendo ela
entusiasta amadora de botânica e mineralogia.
D. Leopoldina não era bonita e parece que ostentava
alguns quilos a mais do que o recomendado. Também tinha
fama de ser desleixada no vestir, o que, na verdade, era apenas
conseqüência da sua austera simplicidade. Também vivia
pejada, agregando ainda mais robustez ao seu biótipo já
disposto para tal. Quando ela morreu, seu pai teria dito que
ela era tímida e negligente e que a próxima esposa de d. Pedro
tinha que ser linda e espirituosa. De fato, quando os
casamenteiros reais partiram para a Europa em busca da
segunda esposa para o imperador viúvo, levavam severas
instruções de que a nova imperatriz tinha que ser bela e
virtuosa, requisitos que a primeira esposa só preenchia pela
metade. Alberto Rangel 28 , apelando para uma notável
disposição depreciativa a descreveu como: “de estatura meã,
grosso pescoço das vienenses, um que de corcunda, beiços polposos dos
Habsburgos no rosto vultuoso carregado de pigmentação vermelha, de
modo a parecer sujeito a um exatema, o nariz desgraciosíssimo, cabelos
espichados, olhos azuis com expressão de assustados, a organização
robusta e inelegante”.
Não resta dúvida que a primeira vez que d. Pedro viu a
esposa ele teve que disfarçar uma certa decepção. Com certeza
o marquês de Marialva tinha mandado para o Brasil um
retrato muito generoso quanto aos atributos físicos da
arquiduquesa. Mas d. Leopoldina era muito culta e inteligente
e foi ela que estimulou a ideia de aportar ao Brasil
28 Citado por Otávio Tarquínio de Souza.
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