Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

“máquina triforme” o que sugere que o dito cujo tinha
múltiplas funções, multiplicando as delícias da alcova infiel.
Quanto ao comportamento sexual propriamente dito, Sua
Majestade sempre mostrava um desempenho notável pela
variação e quantidade. Justiça seja feita, seu apetite nesse
particular não dava para passar em branco. E verdadeiramente
não passou, mesmo na pena dos escritores mais austeros e
recatados. Mas a hiperatividade da sua vida sexual pode ter
sido muita curta. Há registro de que logo depois do seu
segundo casamento (1829), d. Pedro pudesse estar sofrendo
de certa impotência ou, como se diz hoje com muito mais
educação, “disfunção erétil”. De fato, ele só conseguiu ter
uma filha com a segunda esposa, apesar da fama de grande
beleza que ela carregava, plena nos seus dezenove anos de
idade. A revelação desse inesperado desacoroço está numa
carta enviada por d. Pedro ao marques de Resende. Tinha
apenas trinta anos na época. Mas até lá esbanjou vitalidade.
Além das duas esposas e da amante favorita, d. Pedro teve
pelo menos mais doze outras concubinas. Primava pelo
multinacionalismo na escolha das parceiras: cinco francesas,
quatro brasileiras, duas portuguesas e uma uruguaia. Tinha até
uma freira, preferência que lembrava as célebres taras do seu
trisavô - d. João V.
Mas vamos ao surtido rol dos rabos de saia do
imperador: Noémi Thierry, uma dançarina francesa; Maria
Benedita Bonfim, irmã da marquesa de Santos; Maria del
Carmen Garcia, uma uruguaia obscura; Clémence Saisset,
francesa, esposa de um comerciante do Rio; Adéle de
Bonpland, mulher do naturalista Aimé Bonpland 27 ; Madame
27
Bonpland tinha sido companheiro de Humboldt na sua famosa
expedição à América. Viveu uns tempos na Argentina com a família,
103