Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

não era nada cauteloso com as intimidades pouco modelares
da sua vida doméstica.
No caso da marquesa de Santos, os deslizes amorosos
do imperador até assumiram uma dimensão mais grave. Não
pelas delícias da luxuria, mas pelas agruras do preço político
que ele teve que pagar. Sem falar no intenso sofrimento que
infligiu à imperatriz Leopoldina de forma grosseira e
desnecessária.
Pelo lado mundano da questão, há de se começar
lembrando das cartas amorosas que d. Pedro gostava de enviar
à amante favorita. Elas têm um interessante valor sociológico
pois mostram que, em pleno começo do século XIX, os
amantes não eram assim tão recatados. As missivas de d.
Pedro à Domitila de Castro exibem uma intimidade que beira
à escatologia. Uma das correspondências preservadas mostra
que ele não tinha nenhum constrangimento de contar a ela um
ou outro simplório caso de disfunção intestinal ou
indisposição genital. Há uma carta em que ele faz um registro
que sugere que pudesse estar acometido de alguma doença
venérea.
D. Pedro chegou a pedir a Domitila que destruísse a
correspondência 26 entre eles, mas ela não o fez e muita coisa
ficou preservada nos escaninhos da História. Assim pudemos
ficar sabendo que eles se tratavam na intimidade pelos
apelidos de “Titília” e “Demonão”.
Há indícios de que eles praticavam um sexo não muito
ortodoxo e numa carta ele chama seu prestativo pênis de
26 Carta datada de 03 de novembro de 1827 (Referência de Otávio
Tarquínio de Sousa).
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