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Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

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governo que já não existia há sessenta anos. Além disso, teria<br />

que guerrear com a Espanha para garantir a independência<br />

da sua pátria no con<strong>do</strong>mínio ibérico, aperta<strong>do</strong> de to<strong>do</strong>s os<br />

la<strong>do</strong>s. Seu filho - d. Afonso VI - gostava de se ocupar com<br />

pequenas depravações pelas vielas escuras de Lisboa,<br />

deixan<strong>do</strong> a governança nas mãos de um ministro ardiloso.<br />

Acabou traí<strong>do</strong> pela mulher e o irmão na cama e no trono e<br />

entregou o governo sem esboçar a reação que sempre se<br />

espera de um <strong>rei</strong> quan<strong>do</strong> lhe puxam o assento pelas costas<br />

e/ou lhes conspurgam os lençóis. De sorte que d. Pedro II –<br />

o dito cujo irmão traiçoeiro - assumiu e tocou a dinastia,<br />

legan<strong>do</strong> o trono ao filho d. João V. Este levou uma<br />

maravilhosa vida de prazeres, torran<strong>do</strong> o dinheiro <strong>do</strong> Brasil<br />

em luxo, indulgências papais, propinas diplomáticas e obras<br />

suntuosas, gozan<strong>do</strong> as delícias de um ócio opulento e cheio<br />

de malícias conventuais. Morreu deforma<strong>do</strong> por <strong>do</strong>enças<br />

mas cheio de belos títulos concedi<strong>do</strong>s pelo papa. Se foi pro<br />

céu não se sabe, mas tinha boas referências para mostrar a<br />

são Pedro quan<strong>do</strong> lhe fosse pedi<strong>do</strong>. Seu sucessor, d. José<br />

entregou o governo ao marquês de Pombal e vivia<br />

bocejan<strong>do</strong> num palácio de tendas, cerca<strong>do</strong> de tapeçarias<br />

orientais, curtin<strong>do</strong> um clima de mil e uma noites nos<br />

arre<strong>do</strong>res de Lisboa sem muitas preocupações. Seu neto -<br />

nosso d. João VI – assumiu como regente depois que a<br />

rainha sua mãe margulhou numa santa demência,<br />

assombrada com o fogo inclemente <strong>do</strong> inferno. Este, então,<br />

é considera<strong>do</strong> com muita frequência, o <strong>rei</strong> da lerdeza, da gula<br />

e da indecisão. A acreditar nesses exageros, d. Pedro de<br />

Alcântara Bragança e Bourbon foi a contradição máxima da<br />

sua conformação genética, pela linha masculina. Estou<br />

falan<strong>do</strong> pelo la<strong>do</strong> apolínio pois, pela veia da habilidade<br />

política, ele tinha aquela velha esperteza que caracterizava os<br />

Bragança.<br />

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