Intolerância à lactose
Intolerância à lactose
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<strong>Intolerância</strong> <strong>à</strong> <strong>lactose</strong><br />
Exames laboratoriais<br />
• Hemograma: normal<br />
• Análises bioquímicas:<br />
normais<br />
• Proteína C reactiva:<br />
negativa<br />
• Colonoscopia: normal<br />
• Exame parasitológico e<br />
bacteriológico de<br />
fezes: negativo<br />
Maria do Céu Salgado<br />
Outubro de 2008<br />
Terapêutica que estava a<br />
ser usada:<br />
• loperamida (Imodium®)<br />
• anti-espasmódicos<br />
Antecedentes Pessoais<br />
• hipertensão arterial em<br />
tratamento<br />
• colesterol do plasma<br />
sanguíneo elevado tratado<br />
com estatina<br />
1<br />
3<br />
Identificação e<br />
motivo da consulta<br />
•MJCS, 60 anos, caucasiana<br />
•Natural e residente no Porto<br />
•Reformada<br />
•Motivo de consulta: diarreia<br />
com cerca de um ano<br />
de evolução<br />
Revisão da história<br />
clínica<br />
•Meteorismoháanos<br />
• Cerca de um ano antes<br />
aumentou a ingestão de<br />
leite para prevenir a<br />
osteoporose<br />
• Não teve gastrenterite<br />
prévia ao início da<br />
diarreia<br />
Teste diagnóstico<br />
Foi pedido teste da<br />
<strong>lactose</strong> 50 g: positivo,<br />
com sintomas<br />
Proposta terapêutica<br />
História clínica<br />
• Desde há um ano: 4-5<br />
dejecções/dia, diurnas,<br />
com meteorismo e cólicas<br />
abdominais<br />
• Fezes pastosas, coloração<br />
normal, sem sangue,<br />
muco ou pus<br />
• Sem perda de peso<br />
•Informação sobre <strong>lactose</strong> e teor de <strong>lactose</strong><br />
nos alimentos<br />
•leite<br />
com lactase adicionada<br />
e suplementos de lactase<br />
aquando da ingestão<br />
de produtos lácteos<br />
Suspensão da terapêutica anterior<br />
2<br />
4
Resultado da terapêutica: doente assintomática<br />
Diagnóstico: intolerância <strong>à</strong> <strong>lactose</strong><br />
1- Já sabem o que é a <strong>lactose</strong>…<br />
2- …e o que é a lactase…<br />
actividade catalítica<br />
papel biológico<br />
onde existe<br />
enterócito<br />
H 2O<br />
ga<strong>lactose</strong><br />
+<br />
glicose<br />
Deficiência de lactase<br />
1- Congénita – actividade enzimática ausente no nascimento –<br />
autossómica recessiva – rara<br />
2- Secundária – redução da actividade enzimática resultante de<br />
uma agressão intestinal difusa<br />
3- Primária de aparecimento tardio<br />
– redução da actividade enzimática durante a infância ou adolescência<br />
– também autossómica recessiva<br />
5<br />
7<br />
Acabamos de apresentar um caso<br />
clínico em que a doente tinha<br />
sintomas causados por deficiência<br />
de lactase.<br />
A <strong>lactose</strong> que não é<br />
hidrolisada no<br />
intestino delgado<br />
acaba no intestino<br />
grosso…<br />
Deficiência de<br />
lactase primária de<br />
aparecimento tardio<br />
1- Hipolactasia tipo adulto –<br />
deficiência genética mais frequente a<br />
nível mundial, afectando cerca de ½<br />
da população<br />
2- Há perda tardia e progressiva da<br />
actividade lactase para níveis de 5-<br />
10% dos que existiam ao nascimento<br />
3- <strong>Intolerância</strong> <strong>à</strong> <strong>lactose</strong>:<br />
aparecimento de sintomas após a<br />
ingestão <strong>lactose</strong> – distensão,<br />
borborinhos, flatulência, cólicas e<br />
diarreia<br />
…onde sofre<br />
metabolização pelas<br />
bactérias cólicas…<br />
…com produção<br />
de H2 ,<br />
CO2 ,<br />
metano, água e<br />
ácidos gordos de<br />
cadeia curta.<br />
Distribuição étnica da<br />
deficiência de lactase primária<br />
POPULAÇÃO<br />
Norte Europa<br />
Mediterrâneo<br />
Negros Africanos<br />
Negros Americanos<br />
Americanos Caucas.<br />
Índios Americanos<br />
Mexicanos<br />
Asiáticos<br />
PREVALÊNCIA (%)<br />
5-15<br />
60-85<br />
85-100<br />
45-80<br />
10-25<br />
50-95<br />
40-75<br />
90-100<br />
6<br />
8
Incidência da intolerância <strong>à</strong><br />
<strong>lactose</strong><br />
Um dos testes que se pode usar para diagnosticar a deficiência de<br />
lactase denomina-se: teste respiratório de absorção da <strong>lactose</strong><br />
Base do método<br />
• H 2 no ar atmosférico<br />
existe em quantidade<br />
mínima ( < 1 ppm)<br />
• O H 2 no ar expirado é um<br />
índice da produção<br />
metabólica de H 2 no<br />
organismo<br />
• A fermentação bacteriana<br />
dos hidratos de carbono<br />
no intestino constitui a<br />
única fonte metabólica de<br />
H 2<br />
Em que consiste?<br />
•Medição do H 2 no ar expirado<br />
antes e após ingestão de dose<br />
standard de <strong>lactose</strong><br />
O teste é positivo (má absorção) se<br />
ocorre aumento de 20 ppm do H 2<br />
em relação ao valor basal<br />
Quando há intolerância <strong>à</strong> <strong>lactose</strong><br />
aparecem sintomas após a ingestão<br />
<strong>lactose</strong> – distensão, borborinhos, flatulência,<br />
cólicas e diarreia<br />
9<br />
11<br />
Resultados de estudo na população portuguesa<br />
Teste da <strong>lactose</strong><br />
Normais<br />
Cólon irritável<br />
Teste da <strong>lactose</strong><br />
Normais<br />
D. Crohn<br />
Total<br />
20<br />
36<br />
Total<br />
25<br />
77<br />
Má absorção<br />
7(35%)<br />
14(39%)<br />
Má absorção<br />
(36%)<br />
[Salgado, C. et al. (1989) JSPG]<br />
(37.6%)<br />
<strong>Intolerância</strong><br />
5(25%)<br />
12(33%)<br />
Diferenças não significativas<br />
Diferenças não significativas<br />
Usando o teste da <strong>lactose</strong> como método de diagnóstico, 1/3 da população<br />
portuguesa adulta sofre de intolerância <strong>à</strong> <strong>lactose</strong>.<br />
Os doentes com outras patologias do aparelho digestivo (como cólon irritável e<br />
10<br />
doença de Crohn) não são mais afectados que a população geral.<br />
Outros testes de diagnóstico na intolerância <strong>à</strong> <strong>lactose</strong><br />
Teste sanguíneo de tolerância <strong>à</strong> <strong>lactose</strong> (após a ingestão de <strong>lactose</strong><br />
a glicemia sobe, se houver digestão da <strong>lactose</strong>…)<br />
Doseamento da actividade enzimática no tecido<br />
Teste genético: PCR-RFLP (polimerase chain reaction - restriction<br />
fragment length polymorphism)<br />
Alimentos com<br />
maior teor de<br />
<strong>lactose</strong>:<br />
12
Em todos os mamíferos (incluindo a maioria dos<br />
seres humanos) a capacidade de digerir a <strong>lactose</strong><br />
diminui marcadamente após o desmame.<br />
Que terá acontecido para que algumas<br />
populações humanas mantenham a<br />
capacidade de sintetizar lactase após o<br />
desmame?<br />
A vermelho mais escuro está demarcada a zona<br />
com maior incidência do alelo que permite manter<br />
a síntese de lactase na idade adulta.<br />
A tracejado está demarcada a zona em que existem<br />
vestígios arqueológicos mais antigos (>5000 anos<br />
atrás) de actividade de pastorícia (Funnel Beaker<br />
Culture).<br />
Albano Beja-Pereira et al. (2003) Nature Genetics 35: 311-312. 13<br />
Obrigado<br />
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