musicoterapia com mães de recém-nascidos internados em uti

INTRODUÇÃO
A notícia de que o filho será internado em uma Unidade de Terapia Intensiva
Neonatal, logo após o nascimento, provoca muito medo nos pais e nas mães. O nome
“UTI” simboliza para eles, em um primeiro instante, o risco de morte de seu bebê. Tanto
em um parto prematuro ou nascimento acompanhado de problemas, a situação é inesperada
e os pais não sabem lidar com ela. Mesmo quando esta situação já foi antes vivenciada, é
sempre uma surpresa, e gera sentimentos de ansiedade, insegurança, frustração, medo.
Em alguns casos, mães que têm seus filhos recém-nascidos hospitalizados já
podem estar convivendo com estes sentimentos angustiantes anteriormente como em casos
de gestação de alto risco 2 . Estas mães, que muitas vezes precisam ter atitudes rigorosas de
comportamento a fim de prolongar ou manter a gestação, sentem-se frustradas e
apresentam sentimento de culpa ao ver que o filho precisou ser encaminhado para uma
UTI. Em geral, buscando elementos que justifiquem o que está ocorrendo, as mães
procuram um culpado pela internação do bebê ou se auto culpam, imaginando que não
foram capazes de ter uma gestação completa e/ou proporcionar saúde à criança,.
As mães que vivenciam a internação de seus filhos em UTI Neonatal, em sua
maioria, apresentam um alto grau de ansiedade e algumas vezes depressão. Esta depressão
caracteriza-se pela quebra dos ideais e sonhos tidos durante a gestação e também pela
impossibilidade da mãe dispensar cuidados constantes ao filho. A mãe precisa lidar com a
nova realidade, que ocorre de maneira diferente de suas expectativas, de ter um bebê
saudável que poderá levar para a casa após o parto carregado no colo acolhido pela família.
O nascimento acompanhado de problemas gera uma sensação de falha e o trabalho de luto
do bebê idealizado e o contato com o bebê real torna-se mais difícil devido às condições
apresentadas pela hospitalização e privação de contato.
Permanece, nas mães, após a separação precoce do filho, uma sensação
corporal e emocional de vazio. A mãe, que entrou no hospital com um bebê no ventre,
volta para a casa sem a imagem da gravidez e sem o filho nos braços. Esta situação reforça
o sentimento de impotência, de ferida narcísica, de culpa, pois a mãe é, de certa forma,
privada da maternagem e sofre uma quebra na relação de encantamento que se dá nas
trocas de olhares e de respostas recíprocas entre ela e o bebê.
2 Quando a mãe apresenta alguma doença que afete a saúde do bebê ou quando a condição social e/ou
biológica pode prejudicar a boa evolução da gestação, colocando em risco a vida da mãe e/ou do bebê.
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