musicoterapia com mães de recém-nascidos internados em uti
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sensação <strong>de</strong> proteção ao sono do bebê. Esta mãe, que funda no bebê a sensação <strong>de</strong> um<br />
dormir sereno, é caracterizada <strong>com</strong>o uma “Mãe Suficient<strong>em</strong>ente Boa” 5 , capaz <strong>de</strong> estar<br />
disponível e continente para o seu bebê e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, realizar um suporte para que<br />
ele se estruture psiquicamente <strong>com</strong>o um ser único conseguindo assim, fechar os olhos e<br />
dormir mesmo ao cessar do acalanto.<br />
MILLECCO (2001, p. 37) faz uma classificação aos tipos <strong>de</strong> acalanto, segundo<br />
suas características. Eles são classificados <strong>em</strong>: exorcizadores, quando a mãe expulsa o<br />
monstro que po<strong>de</strong>ria perturbar o sono da criança (ex.: Tutu marambá); ameaçadores,<br />
quando a letra realiza uma aliança entre a mãe e o monstro para que a criança seja obrigada<br />
a adormecer (ex.: Boi da cara preta); afetivos, expressa o afeto incondicional da mãe que<br />
<strong>de</strong>seja o filho junto <strong>de</strong> si <strong>com</strong>o quer que ele seja (ex.: Neném pequenino);<br />
tranquilizadores/ <strong>de</strong>smitificadores, quando a letra procura tranqüilizar a criança,<br />
capacitando-a a enfrentar perigos, s<strong>em</strong> colocar objetos que forneçam riscos à integrida<strong>de</strong><br />
física da criança (ex.: Dorme meu amor); religiosos, quando a letra traz conteúdos<br />
religiosos <strong>de</strong> proteção (anexo II).<br />
É importante ressaltar a colocação <strong>de</strong> MILLECO ao dizer:<br />
permeando todos esses acalantos, seja qual for a sua forma, há a<br />
presença, a voz suave e o abraço <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> acalenta. Mesmo os perigos<br />
aparentes contidos nas letras mais ameaçadoras, são neutralizados por<br />
essa presença, por esse abraço, por essa voz (2001, p. 41).<br />
Em diversas culturas, é possível encontrar a imag<strong>em</strong> da mãe <strong>em</strong>balando seu<br />
bebê, entoando uma cantiga. Estudos realizados por STAHLSCHIMIDT (in:<br />
CAMAROTTI, 2001, p. 108) observa, através <strong>de</strong> experimento clínico, que no momento <strong>em</strong><br />
que as <strong>mães</strong> cantam canções escolhidas por elas, realizam um resgate da própria história <strong>de</strong><br />
vida e, também, um resgate cultural ao rel<strong>em</strong>brar canções <strong>de</strong> infância. O bebê passa, então,<br />
a ser inserido culturalmente neste ambiente. BENENZON (1985, p. 44) apresenta a<br />
<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> ISO <strong>com</strong>o i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> sonora que, <strong>com</strong>preen<strong>de</strong> os sons e fenômenos sonoros<br />
que caracterizam e individualizam uma pessoa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a vida intra-uterina aos dias atuais.<br />
Assim, os sons trazidos pela mãe farão parte da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> sonora <strong>de</strong>ste bebê.<br />
Os acalantos, canções infantis ou canções que façam parte da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> sonora<br />
da mãe, fortalec<strong>em</strong> o vínculo mãe-bebê, <strong>com</strong>o é possível observar na constatação <strong>de</strong><br />
5 Mãe Suficiente Boa é aquela que faz uma adaptação ativa às necessida<strong>de</strong>s do bebê. A tarefa final da<br />
mãe boa é <strong>de</strong>siludir gradativamente o bebê, ajudar a criança a lidar <strong>com</strong> suas frustrações (Winnicott).<br />
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